ARTIGO

Beto Faro: A inflação na cidade de Belém

No artigo, senador detalha situação econômica do Pará e as dificuldades enfrentadas pelo estado por conta da distância dos principais centros econômicos e da alta dependência na importação de vários alimentos

Alessandro Dantas

Beto Faro: A inflação na cidade de Belém

Senador aponta que num país com dimensões continentais e desigualdades socioeconômicas abissais, o processo inflacionário se espraia de maneira desigual

O IBGE divulgou no dia 12 passado os resultados da inflação, medida pelo IPCA, para o mês de agosto. Os dados reafirmaram a solidez das respostas positivas da economia brasileira desde o início do governo Lula.

O PIB em alta num contexto de controle do processo inflacionário revoga os ‘argumentos’ do presidente do Banco Central contra o movimento de queda acelerada da taxa Selic cujo patamar, ainda estratosférico, vem represando os esforços do governo pela retomada do crescimento da economia em bases mais robustas.

A variação acumulada do IPCA no Brasil, de janeiro a agosto, de 3.2%, foi 27% menor que a registrada em igual período de 2022. O dado ainda mais relevante do ponto de vista social foi a deflação registrada na alimentação no domicílio (inflação da comida em casa). Nos oito primeiros meses do ano, o IPCA da alimentação no domicílio foi de -1.82%.  Para se ter a dimensão dos efeitos desse resultado na mesa dos brasileiros, de janeiro a agosto de 2022 o IPCA da alimentação no domicílio no Brasil foi de 11.85%.

Tomando-se o resultado acumulado em 12 meses até agosto, temos um índice geral do IPCA no Brasil, de 4.6% contra 8.7% nos 12 meses até agosto de 2022. Quanto à inflação dos alimentos, o acumulado em 12 meses até agosto do presente ano foi a desinflação de -0.6%, enquanto nos 12 meses até agosto de 2022, a inflação da comida foi de simplesmente 15.6%.

No restante deste artigo focamos para uma rápida abordagem da inflação na região metropolitana de Belém que integra o grupo das dez Regiões Metropolitanas (RMs) consideradas pelo IBGE na aferição do IPCA. Daremos destaque para a inflação da comida que tem ampla repercussão social dado o nível da pobreza na grande Belém. Claro que num país como o Brasil, com dimensões continentais, heterogeneidades extremas e desigualdades socioeconômicas abissais, o processo inflacionário se espraia no seu território de maneira desuniforme. O Pará, por exemplo, além da distância dos principais centros econômicos do país com suas repercussões na dinâmica dos preços no território do estado, apresenta alta dependência, inclusive, na importação de vários alimentos, em particular, de hortigranjeiros.

Com essas ressalvas, o IBGE divulgou que especificamente no mês de agosto a taxa de inflação em Belém foi de 0.63%; a segunda maior taxa entre as dez RMs, com Fortaleza liderando com 0.74% e Belo Horizonte com a menor taxa: -0.08%. Contudo, houve deflação da comida em Belém, com o IPCA de -1,16; uma grande notícia.

Tomando-se o recorte anualizado (acumulado nos 12 meses até agosto de 2023) o IBGE registrou a taxa da inflação em Belém, de 5.2%; a maior entre as dez regiões metropolitanas pesquisadas. Menos mal que a alimentação no domicílio, no período, foi de 0.7%, o que representou uma queda de 92% em comparação com a taxa dos 12 meses até agosto de 2022. Mas, em que pese o IPCA geral relativamente importante, essa taxa foi 20% menor que a observada no período correspondente de 2022. Mais relevante: nos 12 meses até agosto de 2023 a inflação da comida, de 0.68%, foi 92% menor que no acumulado em 12 meses até agosto de 2022.

Os ‘grupos’ de produtos do IPCA que mais pesaram no bolso dos belenenses nesse período dos 12 meses até agosto foram as despesas com saúde, com taxa de 9.8%; Educação (8.8%); e habitação (8.3%).

Ainda que notável a queda na inflação da comida em Belém, é importante considerarmos que o cálculo do IPCA envolve metodologia complexa que considera a ponderação dos pesos e médias dos preços dos produtos na formação do índice. Do fato importa destacar os impactos específicos para as camadas de mais baixa renda da nossa população da alta verificada no IPCA de produtos básicos da dieta dos paraenses. Por exemplo, a inflação da farinha de mandioca, de altíssimo consumo entre os paraenses, foi de 50.2%; a do “filhote” foi de 31%; açaí, 14.5%; tomate, 27%; arroz, 11.6%, etc.

Em resumo, a despeito dessas assimetrias no comportamento dos preços, a inflação na RM de Belém apresenta trajetória consistente com a tendência nacional preditiva de um cenário econômico virtuoso para a nossa população.    

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