Alimentação saudável

Beto Faro: racismo alimentar existe e é preciso combater

Estudo mostra que brasileiros deixarão de consumir feijão de forma regular até 2025. Preço alto do produto o inviabiliza na mesa dos brasileiros
Beto Faro: racismo alimentar existe e é preciso combater

Foto: Alessandro Dantas

Décadas atrás, a negra Carolina Maria de Jesus já escrevia em sua obra “Quarto de Despejo” que a escravatura atual é a fome. É na maioria dos lares da população negra onde reina a insegurança alimentar no país. E o cenário excludente inclui até mesmo produtos básicos para os brasileiros.

Se o feijão e o arroz já foram considerados patrimônios nacionais, a realidade é que até esses produtos se mostram cada vez mais escassos na mesa. Hoje, o Brasil – recém libertado de Jair Bolsonaro – tenta tirar da fome cerca de 33,1 milhões de pessoas, de acordo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19.

O mesmo estudo mostra que 65% dos domicílios chefiados por negros passam por alguma dificuldade de pleno acesso aos alimentos. Esse é o chamado racismo alimentar, tendo os pretos como os mais afetados pela falta de refeições adequadas e saudáveis.

Um dos produtos que está faltando agora na mesa é o feijão – seja por mudanças culturais, avanço de alimentos ultra processados ou simplesmente pelo aumento de preços. Se a tendência dos últimos anos persistir, o produto deixará de ser consumido de forma regular – entre 5 a 7 dias da semana – em 2025. O dado é de um estudo conduzido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para o senador Beto Faro (PT-PA), o tema é mais uma mostra de que o racismo alimentar existe e deve ser tratado com rigor.

“Precisamos ficar alerta a essas questões, o povo precisa de comida do prato de qualidade. O racismo alimentar existe e precisamos combater”, alertou o parlamentar.

A alta do preço dos alimentos nos últimos anos, especialmente nas gestões Temer e Bolsonaro, tem afetado especialmente a população mais pobre. Isso vem levando ao consumo de ultraprocessados no lugar de alimentos saudáveis.

Os dados que corroboram esse quadro foram destrinchados em reportagem do portal G1, publicada em dezembro de 2022. O levantamento mostra que, enquanto a renda média do brasileiro subiu 19,7% em três anos, os alimentos ficaram 41,5% mais caros.

Desnutrição infantil
A fome que bate à porta dos lares de pessoas negras afeta especialmente as crianças. Durante o governo Bolsonaro, essa realidade foi comprovada em números.

De acordo com o “Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes”, estudo apresentado no ano passado, a desnutrição entre crianças de zero a 19 anos aumentou entre 2015 e 2021, afetando de forma mais grave os meninos negros.

Apenas em 2019, o índice de desnutrição entre meninos pretos ou pardos no Brasil chegou a inacreditáveis 7,5%. E se manteve alto também nos anos seguintes: 7,2% em 2020 e 7,4% em 2021.

Bolsa Família
Até o impeachment sofrido pela presidenta Dilma, o programa Bolsa Família era um dos principais benefícios no país de apoio à população negra para a aquisição de alimentos.

Dos beneficiários, na época, 10,3 milhões eram negros, o que representava 75% do total do programa de complementação de renda.

Com o retorno do governo Lula, a tendência é que novamente a população negra volte a ter acesso a uma aquisição digna de alimentos. E de qualidade.

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