Pela primeira vez, o número de pessoas da classe media iguala o número de pessoas vivendo na pobreza na América Latina e no Caribe. É o que demonstra um estudo do Banco Mundial , o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), divulgado nesta terça-feira (13/11), atestando que, na última década, a região registrou um salto de 50% em sua população de classe média. O Brasil, que tem 35% da população da área, contribuiu com 40% do contingente que deixou a linha da pobreza para alcançar melhores condições de vida.
O relatório sobre “Mobililidade Econômica e a Ascensão da Classe Média Latino-Americana” aponta que entre 2003 e 2009 a população de classe média da região saltou de 103 milhões para 152 milhões. Como os dados analisados vão só até o ano de 2009, o estudo registra 30 milhões de brasileiros deixando a linha da pobreza. Segundo o Banco Mundial, a América Latina é a única parte do planeta onde a desigualdade de renda está em queda, atualmente.
O estudo ganha ainda mais relevância diante da crise global e do receituário que vem sendo imposto aos países do Sul da Europa, como a Grécia, a Espanha e Portugal, instados a realizar sucessivos cortes em suas políticas sociais para continuar a receber socorro externo. “A experiência recente da América Latina e do Caribe mostra ao mundo que políticas que equilibrem crescimento econômico com a expansão das oportunidades para os mais vulneráveis pode disseminar a prosperidade para milhões de pessoas”, afirmou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.“Os governos da América Latina e do Caribe ainda precisam fazer muito mais—um terço da população da região ainda vive na pobreza—mas devemos celebrar esta conquista e aprender com ela”.
Segundo o relatório, os principais fatores que impulsionaram a mobilidade social na região foram o crescimento da escolaridade entre os trabalhadores, o aumento do emprego formal, mais gente vivendo nas áreas urbanas, maior presença feminina no mercado de trabalho e famílias menores.
O Banco Mundial considera como classe media as pessoas que vivem com renda diária entre US$10 U$50 por dia, renda que lhes garante menos de 10% de chance de retornar à pobreza. O estudo também identificou uma quarta classe social, os “vulneráveis”, que se equilibrariam ligeiramente acima da pobreza, com renda de US$ 4 a US$ 10. Também de acordo com o estudo, a mobilidade social entre gerações ainda é baixa na região, onde a renda e a escolaridade dos pais tem impacto decisivo nas perspectivas dos filhos. Os anos de estudo, porém, vêm crescendo a cada geração.
Leia a íntegra da reportagem divulgada no site do Banco Mundial (em inglês)