BNDES lucra R$ 8,2 bilhões em 2012, 1.540% maior do que em 2002

A inadimplência caiu drasticamente, ao menor índice da história do banco, ficando em apenas 0,06% em 2012

 

Apesar de o lucro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter sido 9,6% inferior ao obtido em 2011 (R$ 9 bilhões), o resultado relativo a 2012 deve ser comemorado porque o ano foi marcado por uma instabilidade do mercado financeiro global e pelo modesto desempenho das bolsas de valores. O que contribuiu para o lucro de R$ 8,2 bilhões no ano passado foram as operações de crédito e repasse (renda fixa) que, juntas, totalizaram R$ 9,5 bilhões, valor 26% maior em relação ao exercício de 2011, resultado da boa gestão da carteira e seguindo o esforço do governo para estimular o investimento produtivo. O lucro líquido de R$ 8,2 bilhões no ano passado é 1.540% maior do que os R$ 500 milhões do lucro obtido em 2002.

A redução do lucro em 2012 pode ser explicada, também, pelo impacto positivo para risco de crédito no resultado de 2011, que significou uma receita de R$ 717 milhões em função de eventos de recuperação de crédito que geraram receita de R$ 881 milhões. Em 2012, tais receitas não foram repetidas e o BNDES registrou despesa com provisão para risco de crédito menor, no valor de R$ 320 milhões, por conta da boa gestão dos riscos.

De acordo com o banco, o segmento de renda fixa contribuiu com 67,2% e o de tesouraria com 28,3% para o resultado bruto, onde o aumento da participação nas operações de renda fixa estava relacionado à expansão de 15,5% da carteira de crédito do banco. A inadimplência caiu drasticamente, ao menor índice da história do banco, ficando em apenas 0,06% em 2012, enquanto que a inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de 3,6%. Em dezembro de 2011, o índice de inadimplência do banco era de 0,14%.

Os desembolsos em 2012 somaram R$ 156 bilhões, 12,3% maior do que os R$ 138,9 bilhões desembolsados em 2011. Os recursos foram distribuídos entre 990 mil operações, das quais 261 mil para pessoas físicas e jurídicas. Vale ressaltar que esses números são recordes históricos do banco. Destaca-se que do total, R$ 87 bilhões foram aplicados em projetos foram da região Sudeste, tradicional por concentrar volumes expressivos dos recursos. Os investimentos nas demais regiões que estão em desenvolvimento contribuíram para a descentralização do crédito.

A indústria e a área de infraestrutura responderam por 65% dos desembolsos feitos em 2012, cujos valores foram de R$ 47,7 bilhões para projetos da indústria (8,8% a mais do que em 2011) e R$ 52,9 bilhões para infraestrutura (-5,7% em relação a 2011). Os desembolsos para as áreas do comércio e serviço foram de R$ 44 bilhões, 51% a mais do que os R$ 29,2 bilhões de 2011. A agropecuária recebeu desembolsos equivalentes a R$ 11,4 bilhões em 2012, 16,4% a mais do que os R$ 9,8 bilhões desembolsados em 2011.

Finanças
Os ativos totais do Sistema BNDES atingiram R$ 715,5 bilhões em 31 de dezembro de 2012, R$ 90,7 bilhões ou 14,5% acima da posição em dezembro de 2011. O saldo da carteira de crédito atingiu R$ 492,1 bilhões no ano passado, sendo que 79,5% desse valor correspondiam a créditos de longo prazo. O patrimônio líquido do Sistema BNDES totalizou R$ 52,2 bilhões, correspondendo a um patrimônio de referência de R$ 89,6 bilhões, inferior ao total de R$ 99 bilhões obtidos em 31 de dezembro de 2011. O índice de adequação de capital (Índice de Basiléia) foi de 15,4% e ficou acima dos 11% exigidos pelo Banco Central.

BNDESPAR
A BNDESPAR, empresa de participações do banco, fechou 2012 com lucro de R$ 298 milhões. Houve uma queda no lucro na comparação com o exercício de 2011 por causa da redução das receitas de proventos, em especial, dividendos recebidos em participação nas empresas (142) que formam a carteira da BNDESPAR.

BNDES-cartao1Recursos do Tesouro
De acordo com o Relatório Gerencial Trimestral dos Recursos do Tesouro Nacional, operados pelo BNDES, publicado no Diário do Senado Federal dia 15 de fevereiro, no período de janeiro de 2009 a 2012 foram selecionados 886.495 projetos de financiamento em todo o Brasil, totalizando R$ 321,47 bilhões, com a liberação de R$ 145,1 bilhões pela Finame (45,1%); R$ 69 bilhões pela Finem (21,5%); R$ 33,1 bilhões pela modalidade Pré-embarque; R$ 24,7 bilhões pelo BNDES Automático; R$ 13,9 bilhões em Project Finance; R$ 13,4 bilhões para a linha de Máquinas e Equipamentos; R$ 11,6 bilhões para a linha Limite de Crédito e R$ 10,5 bilhões para as demais modalidades.

Assim, os desembolsos do BNDES efetuados com recursos do Tesouro Nacional, de março de 2009 a dezembro de 2012, corresponderam a 21% (R$ 67,6 bilhões) para a região Sul; 14% (R$ 44,9 bilhões) para a região Nordeste; 8,5% (R$ 27,5 bilhões) para a região Centro-Oeste; 6,7% (R$ 21,7 bilhões) para a região Norte e 4,7% (R$ 15,1 bilhões) em operações interestaduais. A região Sudeste, nesse período, concentrou a maior parte do recebimento dos desembolsos: 45% ou R$ 144,8 bilhões.

Dos 206.018 projetos do BNDES no estado de São Paulo, no total de R$ 81 bilhões, destacam-se os desembolsos para os contratos da Ford Motor Company Brasil e Embraer. Cerca de 67,8% dos projetos no estado de São Paulo foram direcionados micro e pequenas empresas e pessoas físicas. Em relação à classificação por modalidade operacional, 73% foi aplicado em operações da Finame e 22% em operações do Cartão BNDES.

No estado do Rio de Janeiro, foram realizados 37.326 projetos. Os maiores são da Renault do Brasil e da Telemar. Em Minas Gerais, com recursos do Tesouro Nacional, o BNDES fez desembolsos para 109.779 projetos, com destaque para os da Fiat Automóveis e para a CNH Latin America.

Os demais desembolsos, por estado, foram os seguintes:
Rio Grande do Sul com R$ 24,9 bilhões; Paraná com R$ 24,1 bilhões; Santa Catarina com R$ 18,7 bilhões; Pernambuco com R$ 18,6 bilhões; Goiás com R$ 10,3 bilhões; Bahia com R$ 9,7 bilhões; Pará com R$ 9,6 bilhões; Mato Grosso com R$ 8,1 bilhões; Espírito Santo com R$ 6,99 bilhões; Mato Grosso do Sul com R$ 5,9 bilhões; Ceará com R$ 5,7 bilhões; Rondônia com R$ 4,4 bilhões; Tocantins com R$ 3,7 bilhões; Maranhão com R$ 3,4 bilhões; Distrito Federal com R$ 3,1 bilhões; Amazonas com R$ 2,4 bilhões; Rio Grande do Norte com R$ 2,2 bilhões; Alagoas com R$ 1,5 bilhão; Piauí com R$ 1,3 bilhão; Paraíba com R$ 1,25 bilhão; Sergipe com R$ 1,1 bilhão; Acre com R$ 716 milhões; Roraima com R$ 529 milhões e Amapá com R$ 374 milhões.

 

Informações do BNDES e do Relatório Gerencial Trimestral dos Recursos do Tesouro Nacional

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