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Bola fora: mercado financeiro erra 95% das previsões econômicas no país, diz UOL

Entre 2021 e 2024, mercado falhou em prever inflação, PIB, juros, câmbio e bolsa. “São essas mesmas pessoas que pretendem ditar a política monetária, a política fiscal, o tamanho do orçamento e até o comportamento dos governantes”, critica Gleisi

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Bola fora: mercado financeiro erra 95% das previsões econômicas no país, diz UOL

O pessimismo do mercado e a economia real estão a um abismo de distância

A ganância da Faria Lima tornou-se tão cristalina quanto sua impressionante capacidade de falhar sistematicamente ao fazer uma leitura da realidade econômica do país. Levantamento do UOL publicado no final de semana mostra que analistas de mercado erraram 95% das previsões econômicas sobre câmbio, inflação e crescimento do PIB desde 2011. O ano de 2024, por exemplo, foi marcado por uma saraivada de “bolas fora” dos agentes do sistema financeiro.

A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, expressou sua insatisfação com as previsões econômicas do mercado. Usando sua conta na rede social X, Gleisi comentou sobre como as projeções de inflação, PIB, juros, câmbio e bolsa entre 2021 e 2024 estavam completamente equivocadas. “Sobre os quatro primeiros indicadores, que são apurados pelo famoso Boletim Focus do Banco Central, não acertaram nenhum”, afirmou Gleisi, destacando a discrepância entre as expectativas e os resultados reais.

Gleisi também questionou o papel desses especialistas na formulação das políticas econômicas do país. “E são essas mesmas pessoas que pretendem ditar a política monetária, a política fiscal, o tamanho do orçamento e até o comportamento dos governantes. Ora faça-me o favor…”, escreveu, apontando que as decisões econômicas devem ser baseadas em dados concretos e não em previsões falhas.

A reportagem do UOL mostrou que as projeções errôneas incluíram o Ibovespa, que foi previsto para superar 140 mil pontos em 2024, mas caiu para 120.283,40 pontos; a taxa Selic, que deveria fechar o ano em 9%, mas subiu para 12,25%; e o dólar, que foi estimado em R$ 5,00, mas encerrou 2024 a R$ 6,18.

Essas falhas sistemáticas nas previsões levantam sérias dúvidas sobre a precisão e a utilidade dos ditos “analistas” de mercado. A declaração de Gleisi reforça a necessidade de uma abordagem mais pragmática e fundamentada para a formulação de políticas, que realmente reflitam as condições econômicas e sociais do país.

De acordo com a diretoria-adjunta do Departamento Sindical de Estudos e Estatísticas (Dieese), Patrícia Pelatieri, o mercado baseia suas previsões na simples expectativa de obter ganhos financeiros, daí o viés pessimista das projeções. “[O mercado] está falando de um crescimento muito abaixo do que foi nos últimos dois anos, de uma manutenção de um câmbio alto, em torno de R$ 6, e de taxas de juros elevadíssimas”, apontou a diretora, em entrevista ao canal do Dieese.

Guimarães: Perda de confiança é “devastadora”

“Isso tem uma explicação: o mercado financeiro atua para ganhar mais. Quando tem uma elevação da taxa de juros, ele ganha mais, então essa expectativa pessimista o beneficia”, pontuou Pelatiere. Ela também lamentou os efeitos negativos do comportamento do mercado na economia real, já que “o Banco Central se move muito a partir das projeções do mercado financeiro.

Para o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), os erros do mercado financeiro implicam em uma perda de confiança “devastadora” nas informações fornecidas. Será que o resultado dessa pesquisa vai deixar o mercado nervoso?”, indagou o deputado, pelo X.

Em outra postagem, Guimarães citou a queda do dólar, a desaceleração da inflação e o minúsculo déficit de 0,1% como indicadores que os “agourentos” terão de engolir. “Todas as mentiras do mercado contra o ajuste fiscal do governo são contra o Brasil”, disparou.

Com informações do UOL

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