O maior programa de transferência de renda do mundo é também o mais importante para a economia brasileira nas últimas décadas, aponta a 15ª edição da Pesquisa Observatório Febraban (Federação Brasileira de Bancos), realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).
A pesquisa foi feita com três mil entrevistados entre 3 e 9 de dezembro, com margem de erro de 1,8 pontos percentuais para mais ou para menos. Entre os programas e ações realizados no país, o Bolsa Família foi apontado por 26% dos entrevistados como o mais importante para a economia.
Em segundo lugar aparece o Plano Real (23%), seguido da abertura da economia para o comércio internacional (15%); o Auxílio Emergencial (9%); a participação do Brasil no BRICS (5%); e a Lei de Responsabilidade Fiscal (3%).
Declarado morto em 2022 ao ser vergonhosamente substituído pelo Auxílio Brasil de Bolsonaro, o Bolsa Família foi retomado pelo presidente Lula e voltou mais forte que nunca. Ele não só mata a fome de milhões de brasileiros como também impacta positivamente a economia e a geração de empregos.
Em 2023, o Bolsa Família bateu recordes como a maior média de beneficiários – 21,3 milhões contra 19,2 milhões; valor médio de R$ 670 em 2023 enquanto em 2022 foi de R$ 394, e o dobro de investimento: salto de R$ 7,8 bilhões por mês em 2022 para mais de R$ 14 bilhões mensais em 2023.
Programa muda a face do Brasil
“O Brasil era um sem o Bolsa Família e outro com o Bolsa Família porque, além de gerar transferência de renda, ele gera segurança alimentar e um olhar das gestões municipais para as condicionalidades de saúde e educação, para que não tenha nenhuma criança fora da escola e todas vacinadas”, destacou Eliane Aquino, secretária nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
A meta para 2024 é melhorar cada vez mais a gestão e manter a atualização contínua do Cadastro Único, informou.
“Esse ano foi de reconstrução forte do Bolsa Família. No próximo ano vamos estreitar as parcerias com estados e municípios e tirar o Brasil do Mapa da Fome como nosso presidente quer. O Bolsa Família é fundamental para isso”, salientou a secretária em entrevista ao Jornal PT Brasil.
“Os cadastros foram totalmente desorganizados durante o governo Bolsonaro, tudo virou uma bagunça previdência virou uma bagunça bolsa família virou uma bagunça seguro desemprego virou uma bagunça”, relembrou o ministro da Fazenda Fernando Haddad em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.
“O objetivo não era ajudar, era comprar voto e tudo aconteceu entre junho e outubro de 2022. Era uma compra de voto descarada com dinheiro público sem nenhum controle, todo mundo com medo do que podia acontecer com o país, ninguém botava freio no Bolsonaro porque ele ia alegar que estavam querendo prejudicar o governo dele”, apontou o ministro.
Ao comentar a pesquisa sobre o Bolsa Família em seu perfil na rede X, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) apontou que o programa é reconhecido como o mais importante para a economia “em pesquisa da insuspeita Febraban” e completou dizendo que incluir, distribuir renda e assegurar direitos econômicos e sociais dos mais pobres para mais equalizar a sociedade é mais importante que concentrar e acumular a riqueza entre poucos. “Viva o PT, Lula e Dilma”, concluiu.
Importância do BF é destaque entre mulheres jovens de baixa renda
A pesquisa do Ipespe mostrou também que a citação ao Bolsa Família é maior entre as mulheres (29%); na faixa de 18 a 24 anos (33%); entre os que estudaram até o fundamental (34%) e na faixa de renda até dois salários mínimos (35%). O Plano Real foi mais apontado entre os homens (26%); na faixa de 45 a 59 anos (29%); entre os que têm formação universitária (34%); e no segmento de renda acima de cinco salário mínimos (33%).
Já um estudo do Banco Mundial mostrou que o Bolsa Família impacta seus beneficiários e também a economia local, causando resultados positivos no consumo, na geração de empregos, no número de contas bancárias e na arrecadação de impostos, segundo matéria do jornal O Globo.
“De acordo com a pesquisa, a cada US$ 1 investido, o programa devolve US$ 2,16 para a comunidade local”.
Desafio de tirar o Brasil do Mapa da Fome novamente
Recentemente elogiado pelo empresário norte-americano Bill Gates em vídeo em que diz que o programa é uma “iniciativa chave que ajuda as famílias a saírem da pobreza”, o Bolsa Família foi criado pela lei 10.836 de 2004, segundo ano de governo do primeiro mandato do presidente Lula. Foi reconhecido internacionalmente como o maior programa condicionado de transferência de renda do mundo.
Seus 15 anos de êxito que culminaram com a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2014, até ser substituído por Bolsonaro pela Medida Provisória nº 1.061/2021.
“O Brasil se despede do Bolsa Família”, foi o título de matéria de Cátia Guimarães no site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz, em 17 de janeiro de 2022, sobre a análise de pesquisadores e sua apreensão com o programa que o substituiu, o Auxílio Brasil de Bolsonaro. Mas ele teve vida curta.
Com a vitória de Lula em 2022, o Brasil está voltando a ter os benefícios do Bolsa Família, como foi de 2004 até 2019: o número de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza no Brasil reduziu 15% e 25%, respectivamente e a mortalidade de crianças entre zero e cinco anos reduziu em 16% entre 2006 e 2015, entre outros dados positivos.
Na prática, o Bolsa Família fez e faz muito mais do que distribuir dinheiro entre os pobres.
“O Bolsa Família não é só um programa de transferência de renda. Ao contrário, toda sua base é uma rede de proteção social”, explica Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social, na matéria do site da Fiocruz.