O Censo Demográfico de 2010, o último dos 12 já realizados em 147 anos de levantamento, foi um ponto de virada na história do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da inovação nos métodos de coleta e ampliação das perguntas feitas à população, o maior banco de dados público do país se consolidou como referência em mapeamento para o mundo todo e, de quebra, permitiu que os bem sucedidos programas sociais implantados durante o governo Lula entrassem num novo patamar.
Agora, menos de um ano antes de apresentar os dados atualizados sobre o país, o respeitado Censo do Brasil entra para a lista de desmontes do desgoverno Jair Bolsonaro (PSL) e corre sérios riscos de perder a credibilidade conquistada durante um século e meio. A notícia do corte de 25% no orçamento do estudo estatístico foi recebida com surpresa até mesmo para os que já temiam o completo enfraquecimento do estado prometido pela cúpula neoliberal que tomou de assalto o país.
“Para um estado que não pretende fiscalizar trabalho infantil, que identifique bolsões de pobreza ou que esteja preocupado com desigualdade, ter informações sobre a população é irrelevante. Mas as informações são importantes também para tornar o estado mais eficiente. Portanto, até neste discurso de Estado Mínimo defendido por Bolsonaro os dados do Censo são fundamentais”, explica Paulo Jannuzzi, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.