A solução apresentada, na última segunda-feira (6), por Bolsonaro para baixar o preço dos combustíveis e do gás de cozinha não vai resolver o problema. E, se gerar algum efeito, será apenas temporário, ou seja, até a eleição. O motivo é simples. A proposta não mexe na verdadeira causa do problema: a dolarização de preços praticada hoje pela Petrobrás, por meio do preço de paridade de importação (PPI).
Em vez disso, Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, querem que os governos estaduais reduzam impostos que hoje recaem sobre a gasolina, o diesel, o etanol e o gás de cozinha. Em contrapartida, o governo federal também reduzirá os impostos que são dele e pagará para os estados uma parte do que deixarem de arrecadar. Detalhe importante: esse acordo entre governo federal e estados valerá apenas até 31 de dezembro de 2022. Ou seja, só até pouco depois das eleições.
Um dos parlamentares que mais se dedicam ao tema dos combustíveis e da Petrobrás, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) imediatamente apontou a falha na proposta de Bolsonaro.
“Bolsonaro e Guedes são teimosos: não querem mexer no preço dos combustíveis, só disfarçar com subsídio e desoneração de cunho eleitoreiro. Reduzir impostos indiretos é positivo, mas insuficiente. Solucionar estruturalmente exige trabalho e inteligência”, escreveu Prates no Twitter (leia aqui a postagem completa).
Além disso, apontou o senador, a proposta é cruel porque sufoca os estados, retirando deles um dinheiro que iria para saúde, educação, segurança, assistência social, sem atrapalhar os ganhos bilionários que acionistas estrangeiros estão ganhando com a dolarização dos preços.
“A quem estão blindando? Compradores de refinarias? Importadores de combustíveis? Especuladores, bancos e corretores que negociam ações das estatais? Acionistas preferenciais circunstanciais que abocanharam a maior parte da distribuição de 100% do excepcional lucro da Petrobras?”, indagou Prates.
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