O governo Bolsonaro bateu novo recorde e realizou mais um feito que mostra o fracasso do combate à inflação do ministro Paulo Guedes. O IBGE divulgou na manhã desta quarta-feira, 23, o IPCA-15, que avançou 0,99% em fevereiro. É o maior índice para o mês desde 2016. No ano, o indicador do IBGE acumula alta de 1,58% e, em 12 meses, de 10,76%. O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), criticou: “O povo pobre é o maior prejudicado pela política econômica insana do governo Bolsonaro, que destrói o poder de compra das pessoas e joga milhões na miséria”.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 teve maior impacto nos setores de educação e alimentação. Em fevereiro de 2021, o IPCA-15 teve variação de 0,48%. O resultado ficou acima das projeções do mercado financeiro, que estimavam alta de 0,85%. A Fundação Getúlio Vargas havia previsto alta de 0,8%.
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento entre 1 e 40 salários mínimos, abrangendo nove regiões metropolitanas, além de Brasília e do município de Goiânia. A diferença em relação ao IPCA está no período de coleta e na abrangência geográfica.
As perspectivas para a queda da inflação parecem distantes, mesmo com o dólar em baixa, o fato é que o barril de petróleo no mercado internacional deve superar nos próximos dias a marca de US$ 100 dólares, o que eleva a pressão sobre os preços no Brasil. O fato de a Petrobrás ter uma política de tarifas de combustíveis baseada nos preços praticados no mercado internacional mantém a inflação sob pressão. Nesta quarta, o dólar chegou a cair para mínima de R$ 4,9980, abaixo do patamar de R$ 5.
A tensão na fronteira ucraniana, pressionada pela investida da Rússia, renova preocupações com os preços das commodities, em especial o petróleo. Para o Brasil, a valorização do barril do tipo Brent desde o início da pandemia foi um responsáveis pela inflação pelo efeito nos preços da gasolina e do diesel. O principal impacto para o Brasil é justamente via petróleo e preço dos combustíveis. Mas, dessa vez, os combustíveis não foram o vilão. No grupo transportes, onde a alta foi de 0,87% em fevereiro, os combustíveis mostraram estabilidade. Apesar da alta de 3,78% no diesel, a gasolina subiu bem menos (0,15%), enquanto as quedas do etanol (-1,98%) e do gás (-0,36%) contiveram o indicador.
Mas a alta dos preços de alimentos e bebidas acelerou de 0,97% em janeiro para 1,20% em fevereiro. Em 12 meses, o aumento chegou a 8,77%. O grupo foi o segundo de maior influência para a inflação medida pelo IPCA-15 no mês, atrás apenas dos gastos de educação, que costumam ser a principal influência por conta dos reajustes no início do ano letivo. Os alimentos e bebidas tiveram impacto de 0,25 ponto percentual na taxa de 0,99%, ou seja, responderam por um quarto (25,25%) da variação.
Considerando as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE, a maior alta no preço de alimentos no resultado acumulado em 12 meses foi em Salvador (11,57%), enquanto a menor foi em Porto Alegre (6,89%). Nove das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram inflação pelo IPCA-15 de dois dígitos no resultado acumulado em 12 meses até fevereiro.
As regiões com taxas acima de 10% foram Curitiba (13,28%), Salvador (11,72%), Goiânia (11,68%), Recife (10,85%), São Paulo (10,60%), Fortaleza (10,55%), Belo Horizonte (10,32%), Distrito Federal (10,23%) e Porto Alegre (10,16%). As únicas com inflação acumulada em 12 meses em apenas um dígito são Rio de Janeiro (9,77%) e Belém (9,68%).