Entrevista com Dilma

Bolsonaro condena Brasil ao subdesenvolvimento, diz Dilma

Ex-presidenta denunciou as atitudes e medidas de Jair e afirmou: “É preciso formar uma frente que pare Bolsonaro”
Bolsonaro condena Brasil ao subdesenvolvimento, diz Dilma

Imagem: Reprodução

“Bolsonaro está destruindo as bases do Estado desenvolvimentista. Está destruindo as condições básicas para o Brasil ser capaz de dar um salto, de ser um país desenvolvido. Ele está condenando o Brasil a uma situação de subdesenvolvimento.”

É a análise que faz a presidenta Dilma Rousseff em entrevista ao Tutaméia. Ao longo de quase uma hora, em nossos estúdios caseiros, ela condenou a incivilidade de Bolsonaro em relação à memória dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar, protestou contra a normalização do discurso fascista, da violência e do entreguismo, apontou os interesses norte-americanos aliados ao bolsonarismo, afirmou que só novas eleições trazem de volta a democracia ao Brasil e conclamou à criação de uma frente anti-Bolsonaro.

“É preciso formar uma frente que pare Bolsonaro. É preciso que todas as pessoas de bem desse país se unam para conter essa onda que está claramente tentando levar o Brasil para o perigoso caminho do autoritarismo. Mas não o autoritarismo qualquer. Um autoritarismo neofascista, com tudo o que ele tem de bárbaro, com tudo o que ele tem de violento, com tudo que ele tem de odiento. É isso que está em questão.”

Para Dilma, o governo Bolsonaro quer “criar aqui um mundo sem lei e sem regra, um mundo cão. Esse processo tem o interesse de grandes grupos internacionais e tem, no caso da geopolítica, um processo de enquadramento do Brasil, de “reenquadrar” o Brasil.”

Isso porque, diz ela, o Brasil vinha, nos governos petistas, tendo uma posição de independência, explicitada napolítica externa ativa e altiva. “Tínhamos saído da velha e tradicional subordinação aos Estados Unidos. Só que agora, além de ser subordinação mais ou menos discreta, virou uma submissão. Ele presta continência à bandeira [norte-americana]”.

O que a leva a afirmar que, no cerne da política bolsonarista “tem interesses americanos. E o Bolsonaro se aliou a eles”.

 

Dilma disse que o governo Bolsonaro tem duas faces, a neoliberal e a neofascista. “Essas duas caras, a cara neoliberal e a cara neofascista, estão inteiramente ligadas, são que nem irmãos xifópagos. E são de fato ligadas pela cabeça. Pela mesma consciência.”

Afirmou estar “perplexa” com a falta de reação das Forças Armadas à destruição em curso. E disse que a corrente militar nacionalista “é forte e tem tradição no Brasil. Acho que essa parte está adormecida, que ela ressurge. Porque o desastre é imenso. E alguns dos desastres não têm retorno”.

Também falou sobre a Vaza Jato: “Tem de questionar o julgamento, sim! Tem de questionar a legalidade do julgamento, a sua lisura e a sua base real! Tem de questionar! Pedir a anulação! Tem de soltar o Lula. O Lula está preso indevidamente. Não tem mais de onde discutir que ele não está preso indevidamente”.

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