A metralhadora giratória do “vergonha brasileira” não para. Só para variar, as famílias mais pobres desse país devastado e faminto foram novamente o alvo preferencial das calúnias de Jair Bolsonaro. E os fatos foram mais uma vez torturados pelo atual presidente em entrevista concedida à emissora católica Rede Vida. Lá, Bolsonaro voltou a negar que no Brasil haja 33 milhões de pessoas passando fome. “Não é esse número todo”, esquivou-se.
Há mais de 30 anos Bolsonaro repete a cantilena de que pessoas mais pobres são assim por “preguiça”, “falta de iniciativa” ou qualquer outro preconceito que lhe venha à cabeça. Nesta quarta-feira (21), o sujeito que mandou o Brasil de volta ao Mapa da Fome reclamou que “tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco”, omitindo que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff conseguiram. Quem é o preguiçoso aí?
“Os pobres são pessoas que foram ao longo dos anos acostumadas a não se preocupar, ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão”, prosseguiu o inquilino do Palácio do Planalto. Sem o menor constrangimento de se expor ao enésimo desmentido sobre o tema.
Há quase um ano, na Rede Tv!, Bolsonaro havia se referido às pessoas mais pobres como “17 milhões que não têm como ir mais para o mercado de trabalho”. “Com todo respeito, não sabem fazer quase nada”, tripudiou, desrespeitosamente.
Naquela vez, o desmentido veio com antecedência. Dez dias antes, O Estado de S. Paulo apresentara estudo sobre os beneficiários do Bolsa Família revelando que, do 1,15 milhão de pessoas que começaram a receber a ajuda em 2003, 795 mil (69%) devolveram o cartão. Dignamente, alegavam ter conquistado uma fonte estável de renda e, por isso, abriam mão do benefício em favor de quem ainda precisava.