Aumento da desigualdade

Bolsonaro deixa o governo com recorde de brasileiros na pobreza

Números de pessoas na pobreza e na extrema pobreza batem recordes da série histórica do IBGE em 2021. Quase metade das crianças menores de 14 anos são pobres
Bolsonaro deixa o governo com recorde de brasileiros na pobreza

Foto: Reprodução

Bolsonaro deixará a Presidência da República – e já vai tarde – como o homem que levou o Brasil de volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas, e com números recordes de brasileiros e brasileiras na pobreza e na extrema pobreza. É o que aponta o levantamento divulgado nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados são alarmantes. Em 2021, pelos critérios do Banco Mundial, 62,5 milhões de pessoas, ou 29,4% da população brasileira, estavam na pobreza. Entre elas, 17,9 milhões (8,4% da população) eram extremamente pobres. A infância também foi atingida duramente: a proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%.

São os maiores números e os maiores percentuais desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. Além disso, entre 2020 e 2021 houve aumento recorde nos dois grupos: o contingente abaixo da linha de pobreza cresceu 22,7% (ou mais 11,6 milhões de pessoas) e o das pessoas na extrema pobreza aumentou 48,2% (ou mais 5,8 milhões).

O Banco Mundial considera em situação de pobreza as pessoas que ganham até R$ 486 mensais per capita e, em situação de extrema pobreza, quem vive com R$ 168 por mês. A precarização do mercado de trabalho e a extinção do reajuste real do salário mínimo promovidas por Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes fizeram o rendimento domiciliar per capita cair para R$1.353, também o menor nível desde 2012.

“A recuperação do mercado de trabalho em 2021 não foi suficiente para reverter as perdas de 2020. Isso e a redução dos valores do Auxílio Emergencial podem ajudar a explicar esse resultado”, afirma André Simões, analista da pesquisa.

As desigualdades – social, racial, regional e de gênero – avançaram estupidamente. O Índice de Gini, que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos, voltou a crescer e chegou a 0,544, segundo maior patamar histórico: o maior foi em 2018 (0,545). Desde o início da série, em 2012, a taxa caiu até 2015 e cresceu até 2018. Em 2020, o índice caiu devido ao Auxílio Emergencial de R$ 600.

Em 2021, a região Nordeste possuía o Gini mais elevado (0,556) e a região Sul, o menor (0,462). Entre os estados, o índice foi de 0,424 em Santa Catarina, enquanto em Roraima atingiu 0,596, uma diferença de 40,6%. Quanto mais alto o índice, maior a desigualdade.

Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%) – tinham ainda as maiores proporções de pessoas pobres. No Sudeste e no Centro-Oeste, 20,6% (ou um em cada cinco habitantes) estavam abaixo da linha de pobreza. O menor percentual foi registrado no Sul: 14,2%.

Já a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) foi praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%). Cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza.

O percentual de jovens de 15 a 29 anos pobres (33,2%) foi o triplo dos idosos (10,4%) no ano passado. O número de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam nem trabalhavam chegou a 12,7 milhões, o equivalente a 25,8% dessa faixa etária. O desemprego entre os jovens segue como o mais elevado entre os grupos de idade.

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