Um escândalo envolvendo candidaturas de laranjas e embates com o filho de Jair Bolsonaro foram o suficiente para que Gustavo Bebianno fosse exonerado do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Esse é o primeiro nome rifado do alto escalão do governo, menos de dois meses após ter assumido. O general Floriano Peixoto assume a pasta.
Bebianno é pivô em meio à escândalos com candidaturas laranjas, que utilizaram mulheresapenas para cumprir a cota eleitoral e direcionar a verba pública de campanha para fins ainda não esclarecidos. Durante as eleições, ele presidiu o PSL, partido de Bolsonaro, e era responsável formal por autorizar repasses dos fundos partidários e eleitoral a candidatos da legenda.
As primeiras denúncias ocorreram em Minas Gerais e envolvem Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro do Turismo. Na época, ele era presidente do PSL no estado e tinha o poder de decisão sobre quais candidaturas seriam lançadas.
Álvaro Antônio está envolvido em um esquema que implica quatro candidaturas laranjas em Minas Gerais, que receberam R$ 279 mil da verba pública que deveria ser utilizada na campanha da legenda. Cerca de R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje Ministro do Turismo.
Uma segunda denúncia aponta que Luciano Bivar, atual presidente do PSL e recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, teria criado uma candidata laranja em Pernambuco. O partido de Bolsonaro repassou R$ 400 mil do fundo partidário no dia 3 de outubro, a apenas quatro dias antes da eleição. De acordo com a prestação de contas oficial, 95% do dinheiro foi gasto em uma única gráfica, destinado à impressão de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos.
Bebianno ainda é apontado como responsável por ter liberado R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada.
Na quarta-feira (13), Carlos Bolsonaro, o filho que cuida das redes sociais presidenciais, postou no Twitter que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política.
No mesmo dia, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno. Bolsonaro endossou a atitude do filho publicamente, republicando a acusação de Carlos e dizendo em entrevista à TV Record que não havia conversado com o ministro. Entre idas e vindas ao longo do fim de semana, Bolsonaro teria oferecido a Bebianno a diretoria de Itaipu Binacional e a embaixada de Roma, segundo Lauro Jardim e o O Globo.
Após as humilhações, diversos veículos de imprensa divulgaram conversas nas quais Bebianno teria dito que perdeu a confiança em Jair, criticando o presidente. “Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil”, teria afirmado, segundo o jornal O Globo.
“Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”, teria dito a um interlocutor, segundo informou o G1. No texto, o interlocutor não identificado afirma que Bebianno teria reclamado do poder excessivo dos filhos sobre o presidente.
Da Redação da Agência PT de notícias