Após divulgar dados distorcidos sobre os repasses do governo federal para a área da saúde dos estados, Jair Bolsonaro acabou desmentido pelos governadores. Em carta, 17 dos 27 gestores estaduais (incluindo os quatro do PT), denunciam o uso da comunicação oficial do governo federal para “produzir informação distorcida, gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais”, tudo isso em meio ao momento mais grave da pandemia de covid-19.
O documento é uma reação a postagens feitas, no domingo, nas redes sociais de Bolsonaro e da União, nas quais estariam valores repassados pelo governo federal a cada estado. Na tentativa de enganar a população, Bolsonaro incluiu nos recursos transferências que já pertencem às unidades federativas, conforme garantido pela Constituição. Foram incluídos também os valores repassados aos brasileiros para o auxílio emergencial, que só saiu do papel e chegou ao valor de R$ 600 mensais, em 2020, graças ao trabalho do Congresso Nacional e, em especial, dos partidos de oposição.
Lamentável que o senhor presidente da República, além de desrespeitar normas sanitárias o tempo inteiro, leve seu tempo a espalhar informações distorcidas e promover discórdia com governadores, quando deveria tentar unir o país para superarmos juntos a gravíssima crise que vivemos
“Ele cita como auxílio aos estados valores que, em sua grande maioria, são transferências constitucionais obrigatórias para estados e municípios (FPE, FPM, FUNDEB e SUS), bem como benefícios previdenciários obrigatórios. Uma inverdade!”, afimou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). “As transferências constitucionais obrigatórias e os benefícios previdenciários não podem ser vistos ou divulgados como ação extraordinária do governo federal. São recursos que cada estado e município tem direito pelo pacto federativo. Não é favor algum”, completou.
Ao agir desse maneira, denunciam os governadores na carta (leia a íntegra abaixo), o governo Bolsonaro prefere “priorizar a criação de confrontos” e “o enfraquecimento da cooperação federativa” a tomar medidas efetivas para frear o avanço do novo coronavírus, que mata cada vez mais e deixa cada vez mais brasileiros desempregados e sem renda, especialmente os mais pobres.
É como ressaltou o governador do Ceará, Camilo Santana (PT): “Lamentável que o senhor presidente da República, além de desrespeitar normas sanitárias o tempo inteiro, leve seu tempo a espalhar informações distorcidas e promover discórdia com governadores, quando deveria tentar unir o país para superarmos juntos a gravíssima crise que vivemos”.
Por fim, os governadores ressaltam que “a linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia, e muito menos permitirá um caminho de progresso para o país”. Na opinião dos gestores estaduais, a contenção de aglomerações, sempre com atenção à preservação máxima da atividade econômica, o respeito à ciência e a agilidade na vacinação é que deveriam estar no centro das preocupações de Bolsonaro e sua equipe de ministros. Tais medidas, lembram, promovem a proteção à vida, o primeiro direito universal de cada ser humano. “É nessa direção que nossos esforços e energia devem estar dedicados”, finalizam.