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Bolsonaro é envolvido de vez no escândalo da vacina com propina

Em mensagem de celular enviada a interlocutor, o PM Luiz Paulo Dominguetti disse ter recebido informações de que Jair Bolsonaro estava a par da suspeita compra de 400 milhões de doses da Astrazeneca
Bolsonaro é envolvido de vez no escândalo da vacina com propina

Foto: Agência PT

A perícia feita no telefone celular do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que participou de negociação de vacinas com o Ministério da Saúde, coloca Jair Bolsonaro dentro de mais um escândalo envolvendo a compra de imunizantes contra a Covid-19.

Em uma das mensagens de texto que estavam no aparelho, apreendido pela CPI da Covid, Dominguetti afirma a um interlocutor: “Segundo informações, o próprio presidente Bolsonaro já foi informado das vacinas”. As informações são do Jornal Nacional, que teve acesso ao conteúdo do telefone.

Agora sabe-se que, além de ter enviado carta ao governo indiano, informando que o Brasil compraria a Covaxin, Bolsonaro é citado também no caso da estranha negociação de doses da Astrazeneca, que, segundo denúncia feita pelo próprio Dominguetti, o governo tentou superfaturar, aumentando em US$ 1 o preço da dose.

Processo de compra
As mensagens no celular de Dominguetti mais e-mails também obtidos pelo Jornal Nacional já permitem reconstituir boa parte do processo dessa negociação. Em 9 de março deste ano, o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, enviou um e-mail para Herman Cardenas, presidente da empresa norte-americana Davati Medical Supply, no qual autorizava um reverendo chamado Amilton Gomes de Paula a negociar com a Davati a compra de 400 milhões de doses da Astrazeneca em nome do ministério.

O reverendo Amilton de Paula é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma entidade que, apesar do nome, é uma organização privada. E Cruz deu a autorização para que a Senah tocasse a compra, segundo o Jornal Nacional, mesmo sabendo que a Davati não era representante oficial da Astrazeneca. No dia seguinte, em 10 de março, prossegue o JN, o processo de aquisição das vacinas já estava inserido no sistema do Ministério da Saúde.

Dois dias depois, em 12 de março, o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, se reuniu com o coronel Elcio Franco, então número 2 do Ministério da Saúde. Elcio, vale lembrar, estava ao lado do ministro da Secretaria da Presidência, Onyx Lorenzoni, quando o governo tentou desmentir, em vão, irregularidades na compra da indiana Covaxin.

Em 16 de março, Dominguetti mandou novas mensagens de celular a um interlocutor detalhando a proposta levada ao ministério, informando sobre a reunião no dia 12 com “Elcio Franco e um coronel” e acrescentando a informação de que Bolsonaro estaria a par do negócio. Tudo isso ocorreu, vale lembrar, depois do jantar em que Dominguetti disse ter recebido a proposta de aumentar em US$ 1 o preço de cada dose. Esse jantar, do qual participaram o tenente-coronel Marcelo Blanco e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, ocorreu em 25 de fevereiro.

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