“O ministro Paulo Guedes acha que dirigir a Economia do Brasil é uma extensão de seu local de origem, o mercado”.
Só isso explica a manifestação do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro sugerindo a fusão do Banco do Brasil com o Bank of America, a privatização da Petrobras e até a venda do Palácio do Planalto, avalia o senador Rogério Carvalho (SE), vice-líder da Bancada do PT.
“É o fim do mundo”, resumiu o senador.
Na última quinta-feira (16), ao discursar no convescote montado em Dallas para homenagear Jair Bolsonaro, Paulo Guedes produziu uma espécie de sincericídio em forma de comédia stand up, afirmando que o governo pretende privatizar “tudo o que a gente conseguir vender”.
Com soberania não se brinca
Para o senador Rogério Carvalho, não há hipótese de se tratar a fala do ministro da Economia como “uma brincadeira”. Em primeiro lugar, porque com soberania não se brinca. Segundo, porque o enredo do esquete protagonizado por Guedes “expressa rigorosamente o pensamento do titular da Economia e do presidente Bolsonaro”.
“Ser ministro da Economia de um país do tamanho do Brasil requer uma cerimônia e também uma postura de defesa dos interesses do País”, cobra o senador. O que Guedes sugere, porém, é transformar o Brasil em uma subsidiária ou filial dos EUA.
A fala de Paulo Guedes
Na entrega do prêmio “Pessoa do Ano” pela Câmera de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Dallas, Texas, na última quinta-feira, Paulo Guedes ocupou a tribuna como uma espécie de “esquenta” para a fala de Bolsonaro.
Ao subir ao púlpito, fez questão de destacar que todos no recinto “falavam a mesma língua” — o mercadês, no caso — Guedes afirmou:
“Vamos tentar vender a Petrobras, vamos tentar vender o Banco do Brasil. Ou, no mínimo, fazer uma fusão. Podemos tentar uma fusão do Banco do Brasil com o Bank of America. Eles são ótimos no ramo imobiliário, são ótimos no crédito rural, então, vamos juntar os dois. A gente já juntou a Boeing e a Embraer”.
Sociedade vê prejuízos
Para Rogério Carvalho, os brasileiros e brasileiras já começaram a sentir os prejuízos de ser governados “por quem pensa numa lógica fora de qualquer referência adotada por nossa sociedade”.
As mobilizações contra o governo Bolsonaro, aponta o senador, devem ganhar dimensões cada vez maiores. “A sociedade começa a ter claras quais são as consequências de ter um chefe de Estado que negligencia a própria condição de brasileiro e se submete à bandeira de outro país”.