Bolsonaro costuma dizer que é sempre bem recebido por onde passa, mas não é o que se viu na noite da última terça-feira (4). Ao visitar uma dupla de policiais militares feridos a bala no Hospital das Clínicas (HC), ele foi recebido por profissionais da instituição com vaias e cartazes contra sua trágica atuação durante a pandemia.
“Olha a covardia, por que não veio na pandemia?”, cantaram os manifestantes enquanto a comitiva presidencial passava em frente à unidade, entrando por outro acesso para evitar contato. Também foram ouvidos os cantos “Bolsonaro, pode esperar, a sua hora na cadeia vai chegar”, enquanto um grupo minoritário tentava puxar um coro de “mito” e promover bate-bocas.
Posicionados desde o fim da tarde em frente ao Instituto Central do HC, na Zona Oeste da capital paulista, os médicos repudiaram Bolsonaro por ele não ter feito nenhuma visita a pacientes com Covid-19 durante as piores fases da pandemia. Também não valorizou a atuação dos trabalhadores da saúde no período e sabotou todas as medidas de proteção contra a doença, do uso de máscaras à aplicação de vacinas.
“Bolsonaro não visitou nenhum hospital durante a pandemia e agora, quando um PM é baleado, ele vem fazer demagogia e politicagem?”, reclamou um dos médicos à reportagem do The Intercept.
Segundo outro dos participantes, a intenção deles era mostrar a indignação do corpo médico do HC – ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – com a postura do inquilino do Planalto, “que agora só vem no hospital em época de propaganda política”.
“Ele nunca prestou nenhuma assistência aos profissionais da saúde, que trabalharam lá durante um tempão, ainda mais no enfrentamento à pandemia”, criticou o médico.