O governo Bolsonaro liberou a utilização de mais 12 agrotóxicos no país por meio do Ato nº 59, publicado nessa sexta-feira (23) no Diário Oficial da União, com data de 19 de outubro. Dentre eles, 10 são produzidos por empresas sediadas na China. As informações são do blog do professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes (RJ), bacharel e mestre em Geografia pela UFRJ, Marcos Pedlowski.
A liberação acontece na mesma semana em que o presidente Jair Bolsonaro negou que o governo iria comprar a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituo Butantan. Na quarta-feira, ele voltou atacar o imunizante.
“A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população. Esse é o pensamento nosso. Tenho certeza que outras vacinas que estão em estudo poderão ser comprovadas cientificamente, não sei quando, pode durar anos”, afirmou.
No entanto, a mesma preocupação não se manifesta em relação à segurança dos venenos utilizados na agricultura. “Essa discrepância de tratamento entre uma vacina que salvará vidas e agrotóxicos cujo uso prejudica não apenas a saúde de seres humanos mas também do meio ambiente, mostra a extensão do cinismo do discurso presidencial”, destaca Pedlowski, que também é pesquisador colaborador externo do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa.
O professor destaca ainda que, entre as substâncias aprovadas para uso no Brasil pelo Ministério da Agricultura, estão presentes na lista três princípios ativos proibidos pela União Europeia: Fipronil, Tiacloprido e Tiodicarbe. Em relação ao último, a Comissão Europeia baseou sua proibição no risco à saúde de crianças, por conta do consumo de uvas contaminadas pela substância, e à dos adultos, pelo consumo de vinho.