O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes voltaram a reafirmar a política de fidelidade canina do governo ao sistema financeiro. Em reunião com empresários, na terça-feira (26), os dois se comprometeram a manter o arrocho imposto pelo Teto de Gastos, o saco de maldades criado pela Emenda Constitucional 95 que congela gastos em saúde e educação por 20 anos. O inacreditável Guedes também condicionou a volta do auxílio emergencial a um aumento de mortes – como se fosse possível aceitar mil óbitos diários – ao mesmo tempo em que ameaçou travar o “todo o resto” do orçamento, caso o governo volte a conceder o benefício.
Trocando em miúdos, os dois trabalham para manter o austericídio fiscal que eliminou o auxílio emergencial, asfixiou o Sistema Único de Saúde (SUS) – impedindo investimentos para tratamento de pacientes com Covid-19 e a aquisição de insumos e vacinas ao combate à pandemia – e mantém taxas estratosféricas de desocupação. O desemprego bateu mais um recorde em novembro de 2020, segundo o IBGE, atingindo mais de 14 milhões de pessoas. O país vem batendo recorde atrás de recorde desde junho.
Com o fim do auxílio emergencial, que ainda dava um fio de sustentação para milhões de famílias diante dos efeitos devastadores da pandemia, o desemprego tornou-se o pior pesadelo dos brasileiros. Pesquisa da consultoria Atlas Político, realizada em janeiro, revela que 81% dos brasileiros consideram ruim a oferta de empregos no país, segundo o ‘ El País’. Destes, 45% avaliam que a situação continuará péssima pelos próximos seis meses.
Cresce insatisfação com desgoverno
A insatisfação da população aumentou diante da condução desastrosa do governo frente à pandemia e da inércia de Paulo Guedes, que começou a afundar a economia mesmo antes do início da chegada do coronavírus ao país. Como resultado, 75% avaliam que a economia está péssima e 73% dos entrevistados defendem a manutenção do auxílio emergencial.
Ainda de acordo com o levantamento, agora seis em cada dez brasileiros desaprovam o desgoverno de Bolsonaro. “Há uma grande preocupação com a pandemia por conta da nova onda de contágio, que causou o colapso do sistema de saúde em Manaus e que também tem um grande impacto econômico”, aponta o diretor do Atlas Político, Andrei Roman.
“ Crise na saúde, impacto sobre emprego e popularidade do presidente estão fortemente correlacionados”, observa Roman. Os números confirmam o relato do diretor: 63% dos participantes da pesquisa consideram que a crise sanitária está piorando e 51,2% apoiam um aumento do isolamento social.
Mas Bolsonaro insiste mesmo é em afagar os bancos e destruir a saúde e a educação. “No âmbito fiscal, manteremos firme o compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e de credibilidade econômica. Não vamos deixar que medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanentes de despesas”, disse o líder de extrema direita, em encontro virtual.
“Quer criar o auxílio emergencial de novo? Tem que ter muito cuidado, pensar bastante, porque, se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública”, justificou o ilusionista Guedes, que sonha com um crescimento de até 5% do PIB neste ano. “É uma guerra. Vê se teve aumento de salário durante a guerra (na história), vê se teve dinheiro para saúde, educação… Não tem”.
“Se a pandemia faz a segunda onda, com mais de 1500, 1600, 1300 mortes, saberemos agir com o mesmo tom decisivo como agimos no ano passado, mas temos que observar se é o caso ou não”, afirmou Guedes, demonstrando em números o desprezo do governo pela vida da população brasileira.
Da Redação, com informações de ‘El País’ e ‘G1