Crise Dimplomática

Bolsonaro mente sobre acordo nuclear costurado pelo Brasil

Uma simples pesquisa no Google desmente a nova mentira do presidente, que tenta desviar a atenção da confusão diplomática que causou com o Irã
Bolsonaro mente sobre acordo nuclear costurado pelo Brasil

Acuado pela barafunda diplomática que causou ao apoiar o assassinato do general iraniano Qassim Suleimani, Jair Bolsonaro volta a lançar mão da “saída estratégica” favorita para suas contumazes trapalhadas: mentir.

A fake news da vez é acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter apoiado o enriquecimento de urânio acima de 20% pelo Irã. Para espalhar a mentira, Bolsonaro fez uma live no Facebook, na noite da última quarta-feira (8).

Obama reconhece
“A mentira, reproduzida pelos meios de comunicação, é facilmente desmascarada com uma simples busca no Google”, rebateu Lula, lembrando que o “Acordo de Teerã”, patrocinado por seu governo em 2010, é considerado até hoje como o melhor acordo nuclear já feito com o Irã.

E quem diz isso não é o PT, mas o ex-presidente dos Estados Unidos Barak Obama, que em carta a Lula reconheceu como “as ideais” as condições conseguidas na negociação fechada pelo Brasil e pela Turquia com o Irã.

Leia a carta de Barak Obama a Lula

Contumaz
“Bolsonaro é mentiroso contumaz, o que já está provado por várias matérias na imprensa”, aponta a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Toda vez que se vê em apuros por defender posição errada cria fake news imputando algo contra Lula ou PT”.

Gleisi considera “indecente” a reiterada prática de Bolsonaro de recorrer à mentira para escapar das confusões políticas que ele mesmo cria, uma postura incompatível com um chefe de Estado.

Impedir armas nucleares
Em 2010, diante de mais uma crise que punha em risco a paz mundial, os governos do Brasil, então liderado por Lula, e o da Turquia intermediaram um acordo com o Irã para impedir a proliferação de armas nucleares.

Os termos negociados previam o envio pelo Irã de 1.200 quilos de urânio pobremente enriquecido para enriquecimento no exterior, para ser depois devolvidos ao país preparados para o uso para fins medicinais, mas sem serventia para a fabricação de bombas nucleares.

“Enriquecimento até 20% ainda é para fins pacíficos. Para armas nucleares é muito acima disso. Os tratados eram para impedir a proliferação de armas nucleares”, explica o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)), Mauricio Santoro, em entrevista ao site Poder 360 nesta quinta-feira (9).

Era o melhor acordo
O Acordo de Teerã foi sabotado pelos Estados Unidos. As negociações foram interrompidas em 2010 e retomadas em 2013. Naquela ocasião, o colunista da Folha de S. Paulo Clóvis Rossi — reconhecido como um dos grandes analistas de política internacional da imprensa brasileira — fez uma longa análise sobre os termos costurados pelo governo Lula e pela Turquia, elogiando o resultado.

“Três anos foram jogados fora”, afirmou Clovis Rossi sobre o abandono do compromisso costurado por Brasil e Turquia em 2010. “É um bom momento para reavaliar um dos atos mais criticados (injustamente) da diplomacia brasileira no período Luiz Inácio Lula da Silva/Celso Amorim. Refiro-me ao chamado Acordo de Teerã”.

Leia a coluna de Clovis Rossi sobre o Acordo de Teerã

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