Em menos de 24 horas em Moscou, o presidente Jair Bolsonaro causou constrangimento à diplomacia brasileira e vergonha em sua visita à Rússia. Ao desembarcar na capital russa, ele não foi recebido pelo presidente Vladimir Putin ou o ministro das Relações Exterior, Sergey Lavrov, mas pelo embaixador da Rússia no Brasil. Mas o pior ainda estava por vir. “Bolsonaro é uma vergonha mundial”, comentou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Contrariando sua conduta em território brasileiro, Bolsonaro teve de se submeter a testes de Covid-19 por exigência do Kremlin. Senadores do PT ironizaram a situação do Chefe de Estado brasileiro, lembrando que, em recente visita a Moscou, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão Olaf Scholz, se recusaram a adotar tal procedimento para evitar que o governo russo coletasse material genético.
“Na Rússia, Bolsonaro é obrigado a seguir todos os protocolos de saúde estabelecidos pelo Kremlin”, comentou o senador Rogério Carvalho (PT-SE). “Bolsonaro demonstra ao governo russo o respeito que ele não tem com o povo brasileiro. Por aqui, atua como um farsante antivacina para mobilizar seus apoiadores extremistas”.
A posição submissa do líder brasileiro contrasta com a altivez do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi recebido como Chefe de Estado na Europa em novembro passado, sendo recebido no Palácio do Eliseu, em Paris, e na sede do parlamento alemão. No encontro com Putin, imagens de Bolsonaro, constrangido diante do líder russo, sem conseguir sustentar o olhar e encará-lo, rodaram as redes sociais nesta quarta-feira. Humberto lamentou: “Constrangimento total”.
Humberto ainda criticou Bolsonaro pelos gastos milionários no cartão corporativo durante a viagem, ao se hospedar junto com a comitiva brasileira num dos hotéis mais caros de Moscou, com suítes rondando a casa dos R$ 100 mil a diária. “O mito dos gastos milionários do cartão corporativo torra um belo dinheiro público em hotéis luxuosos pelo mundo”, ironizou o parlamentar. “Zero novidade. Coitados dos bolsonarista. Vão falar o quê? Que a mamata acabou?”.
Os dois parlamentares também ironizaram o fato de o presidente do Brasil ter começado sua agenda nesta quarta-feira, 16, prestando homenagens aos soldados soviéticos que lutaram na Segunda Guerra Mundial. “Na expectativa dos bolsonaristas, Bolsonaro iria para Rússia impedir a Terceira Guerra Mundial”, zombou Rogério Carvalho, nas redes sociais. “Na realidade, está homenageando o túmulo dos soldados anônimos, que foram os soldados comunistas”.
Na terça-feira, 15, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles distribuiu nas redes sociais uma montagem apontando que a CNN teria noticiado que Bolsonaro evitou uma guerra, pela decisão da Rússia em retirar parcialmente soldados das fronteiras com a Ucrânia. No mesmo dia, a emissora o desmentiu: “CNN não noticiou que presidente Bolsonaro evitou guerra”. Rogério Carvalho criticou o Palácio do Planalto: “Gasta nosso dinheiro com o terraplanismo diplomático”.