O senador Humberto Costa (PT-PE) advertiu a Nação para a gravidade da decisão do novo governo de retirar a candidatura do Brasil, já definida, para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 25), em 2019, anunciada pelo candidato eleito. “Estamos abrindo mão, com essas decisões estabanadas, de um papel em que o nosso País é, não só relevante, como também necessário, dado o imenso patrimônio natural de que dispõe”, denunciou o senado Humberto Costa no plenário do Senado Federal, nesta quarta-feira (5).
O anúncio já havia sido criticado pelo Observatório do Clima que classificou a decisão como um recuo lamentável, mas esperado, devido a oposição do atual governo ao desenvolvimento sustentável. Segundo levantamento da organização alemã Germanwatch, que reúne dados climáticos de 181 países, o Brasil está entre os países que mais perdem dinheiro com as alterações do clima no mundo. Com um prejuízo anual de R$ 6,4 bilhões devido principalmente a tempestades e inundações, o Brasil faz parte de lista dos 18 países com maiores perdas econômicas por conta de desastres climáticos.
O argumento de Bolsonaro é pífio e mostra que o governo vem agindo ideologicamente, em detrimento dos interesses do País, para destruir acordos importantíssimos que vinham sendo costurados para a preservação do Planeta, segundo Humberto. “Esse gesto de abandonar o posto de sede da COP 25, ao que tudo indica não deve ser isolado. Ele será seguido por uma série de outros, em que abandonaremos também reuniões, encontros, conferências e tratados para implementar ações sobre o aquecimento global, como o Acordo de Paris”, destacou o senador.
O caminho adotado pelo novo governo para tratar os temas do meio ambiente, alinhando-se a atual administração Trump, aponta para graves prejuízos econômicos, como o registrado na reunião dos países do G20, em Buenos Aires, no final de semana passada. No encontro, o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou a posição do Brasil sobre o Acordo de Paris, sugerindo uma futura retaliação comercial. A França, segundo Macron, “não é favorável a que se assinem acordos comerciais amplos com potências que não respeitem o Acordo de Paris e que assim anunciaram”.
“É lamentável vermos o abandono da nossa liderança nesses temas e o consequente isolamento internacional pelo qual começamos a passar”, afirmou Humberto Costa. Em sua fala, o senador lembrou que o novo ministro das Relações Exteriores “acredita que fenômenos comprovados cientificamente em todo o mundo não passam de alarmismo climático”. “É a pura reprodução do discurso do chefe, para quem o desenvolvimento sustentável é mais um inimigo contra o qual se deve travar uma verdadeira guerra santa”, salientou o senador.