Brasil atinge menor índice de desigualdade de renda em 30 anos

Levantamento Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra a menor desigualdade de renda desde 1981. Entre 2001 e 2001, a redução na renda dos mais ricos foi de 20%.

Distância entre os ricos e os pobres diminuiu na última década

O principal indicador da desigualdade social – o coeficiente de Gini, índice que mede a distribuição da renda onde o número mais próximo de 1 indica maior pobreza – aponta que a distância entre ricos e pobres diminuiu na última década, conforme a Síntese de Indicadores Sociais (SIS 2012), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O coeficiente de Gini brasileiro que correspondia a 0,559 em 2004 caiu para 0,508. Entre 2001 e 2011, os 20% mais ricos da população diminuíram sua participação de 63,7% para 57,7% na riqueza. Em contrapartida, os 20% mais pobres passaram de 2,6% para 3,5% no total dos rendimentos. Na prática, isso quer dizer que entre a renda familiar per capita dos 20% mais ricos em relação aos 20% mais pobres caiu de 24 para 16,5 vezes.

Apesar de o indicador mostrar a efetiva melhora no combate à desigualdade social, os 20% mais ricos ainda detém quase 60% da renda total numa comparação aos 11% detidos pelos 40% mais pobres da população.

Programas de transferência de renda, como o Bolsa Família ou o Brasil sem Miséria a partir deste ano – a síntese de indicadores sociais ainda não captou os efeitos positivos desse programa – contribuíram para mudar o cenário social, principalmente o crescimento econômico e a melhoria da renda do trabalho. Famílias com renda familiar per capita de até um quarto do salário mínimo (6,7% do total das famílias) e entre um quarto e meio salário mínimo (14,1% das famílias), no item outras fontes de renda da pesquisa, passaram de 5,3% para 31,5% e de 3,1% para 11,5% entre 2001 e 2011, respectivamente.

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Como nesse período houve expressiva melhora da renda do trabalho – o índice de desemprego cai seguidamente nos últimos anos e hoje está em 5,3% – o grupo pesquisado com rendimento médio de todos os trabalhos cresceu, em valores reais, de R$ 273,00 para R$ 285,00 no período. Para o grupo com renda na faixa entre um quarto e meio salário mínimo, o valor subiu de R$ 461,00 para R$ 524,00. Em relação à cor ou raça, no grupo de 1% mais rico em 2001, os pretos ou pardos representavam somente 9,3%. Em 2011, esse percentual chegou a 16,3%, uma participação que melhorou nesse período, mas distante do total de pretos ou partos na população, equivalente a 50%.

Quanto ao trabalho, especificamente, a SIS 2012 constatou um crescimento de pessoas com 16 anos ou mais de idade ocupadas em trabalhos formais. No período cresceram de 45,3% para 56%, mesmo existindo no trabalho informal 44,2 milhões de pessoas. O rendimento médio do trabalho principal, por exemplo, teve aumento real de 16,5%, onde 22,3% das mulheres e 21,2% das trabalhadoras informais foram as que tiveram os maiores ganhos reais. Mais uma vez, no entanto, o rendimento das pessoas ocupadas pretas ou pardas em 2011 representava 60% do rendimento dos brancos, mas essa realidade tem mudado ao longo dos anos e só tende a melhorar. A SIS 2012 aponta que a frequência de estudantes pretos e pardos nas universidades triplicou em dez anos: a proporção de jovens de 18 a 24 anos que cursavam o nível superior passou de 27% em 2001 para 51,3% em 2011 e caiu, expressivamente, de 21% em 2001 para 8,1% em 2011 a proporção dos jovens que ainda estavam no ensino fundamental.

Marcello Antunes

Veja a pesquisa completa do IBGE 

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