O caos institucional instalado no Brasil tem potencial para agravar ainda mais a crise sanitária no momento mais agudo da pandemia. A preocupação foi manifestada por técnicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), revela o colunista do UOL Jamil Chad, nesta terça-feira (30). O quadro é de absoluto descontrole, com o país atualmente respondendo por 38% das mortes globais em 24 horas, apesar de representar 2,7% da população do planeta.
“Na OMS, a preocupação é de que, com o caos político, qualquer ação para lidar com a pandemia seja afetada, adiada, redesenhada ou alvo de disputas políticas”, informa o colunista.
Segundo Chade, chama a atenção da organização e de diplomatas a tensão política no entorno dos militares, que culminou na demissão do cargo da Defesa de Fernando Azevedo Silva. Em sua carta demissão, divulgada na terça (29), Silva frisou que lutou para preservar “as Forças Armadas como instituições de estado”.
“No momento em que o Brasil precisava lutar contra um inimigo comum, o que fica claro é que as instituições estão derretendo”, afirmou à coluna um embaixador estrangeiro em Brasília. “Todas nossas capitais já foram alertadas da situação do país”, destacou a fonte.
Recorde da média móvel de mortes
Enquanto isso, o país amarga os efeitos da devastação causada pela pandemia. Na segunda-feira (29), o Brasil voltou a bater recorde da média móvel de mortes pelo quarto dia seguido, chegando a 2.655 óbitos, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. O índice subiu 34% em relação a duas semanas.
Ainda de acordo com o consórcio, já são 68 dias seguidos com pelo menos mil mortes por dia em média. No total, o país acumula 12,5 milhões de casos de Covid-19 e 314,2 mil óbitos. 18 estados e o Distrito Federal têm alta de mortes e o sistema de saúde continua sob forte pressão, com milhares de pacientes a espera de uma vaga em um leito de UTI.