Brasil é exemplo de fomento à leitura, segundo vice-ministro da Colômbia

O vice-ministro de Educação da Colômbia, Mauricio Perfetti, disse que, “ao se falar de inovação, um modelo a imitar é, sem dúvida, o Brasil”

Durante a realização da 25ª Feira Internacional do Livro de Bogotá, na Colômbia, o Brasil expôs e debateu ações que vem sendo realizadas no país com o intuito de impulsionar a leitura. Nessa área, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), Abrelivros e SNEL, os números nacionais são otimistas: os dados mostram que em uma década o brasileiro, que lia em média menos de dois livros por ano, passou a ler quatro no mesmo período de tempo.

Durante o painel de Políticas Públicas sobre a Leitura, o Livro e as Bibliotecas, organizado pelo Centro Regional para o Fomento do Libro na América Latina e no Caribe (Cerlalc-Unesco), em aliança com o Governo do Brasil, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC), Galeno Amorim, falaram com representantes do governo colombiano sobre os avanços e os desafios que enfrentam nesse campo no Brasil.

“Temos 51 milhões de estudantes na rede básica de ensino no Brasil. Assim, acreditamos que precisamos implantar políticas de fomento ao livro, que permitam desenvolver o hábito da leitura desde a infância. A campanha promovida pelo governo “Leia Mais, Seja Mais”, para a valorização do hábito de ler como algo que gera conhecimento e lazer, é um exemplo da importância estratégica da questão para o nossa país”, afirmou a ministra Ana de Hollanda. Ela destacou o papel estratégico do Cerlalc- Unesco como catalisador dos programas em cada nação e integrador das experiências na região. “Os processos de pesquisa que desenvolve esse organismo internacional são muito importantes porque permitem que os países tenham um marco de referência para estabelecer políticas públicas mais efetivas”, afirmou.

Galeno Amorim explicou que “existe uma necessidade de intercambiar experiências entre os países e que o marco da Feria do Livro de Bogotá, evento muito importante para o mundo editorial da América do Sul, tem permitido ao Brasil trabalhar acordos de cooperação com a Colômbia”.

O vice-ministro de Educação da Colômbia, Mauricio Perfetti, disse que, ao se falar de inovação, um modelo a imitar é, sem dúvida, o Brasil. “A experiência de levar escritores às aulas é excepcional e o tema das bibliotecas para setores rurais nos parece essencial para fomentar igualdade de oportunidades”, apontou.

Durante o painel, a ministra Hollanda destacou a política de internacionalização da literatura brasileira. “O programa de apoio à tradução de autores brasileiros, que objetiva difundir a cultura e a literatura brasileiras no exterior, resulta em importantes ações para se conhecer uma cultura como a brasileira. Embora haja uma diferença idiomática em relação às demais nações latino-americanas, há congruência histórica. O Ministério de Cultura do Brasil concede bolsas de tradução a editoras estrangeiras que desejam traduzir e publicar, no exterior, livros de autores e editoras brasileiras já editados no País.

Cifras brasileiras destacadas

Nos programas de doação de bibliotecas públicas municipais, que objetivam que toda cidade tenha uma em sua região, Galeno Amorim explica que, de quase seis mil municípios brasileiros, apenas 24 ainda não receberam uma biblioteca. Outras 200 cidades que já possuem uma estão em fase de inauguração. Também falou sobre as 10 mil pequenas bibliotecas rurais. “Em 2012, a Biblioteca Nacional de Brasil contará com uma bolsa de 25 milhões de dólares destinados à doação de livros às bibliotecas”.

Segundo a última pesquisa sobre o tema, o Brasil tem 90 milhões de leitores, ou seja, uma enorme parcela da população continua sem ler, fato que motiva o governo na retomada ainda mais incisiva do Plano Nacional de Leitura, que busca incitar um maior acesso ao livro, investimento em ações para a formação de agentes de leitura (hoje já conta com 20 mil agentes quetrabalham com jovens, estimulando a prática da leitura nas residências), e promover um esquema de apoio à cadeia produtiva do livro.

Em termos de investimento, é importante destacar que, à semelhança do que se passa na Colômbia, o Ministério de Cultura está trabalhando em conjunto com o da Educação, e essa parceria permitiu o anúncio de um investimento de 100 milhões de dólares para a cultura.

De igual maneira, o Brasil promove o Programa do Livro Popular (PLP), criado pela FBN para fomentar a produção e a comercialização de títulos a R$ 10,00, que também estimula o mercado editorial. “Esta política permite aos cidadãos comprarem livros pelo equivalente a 10 mil pesos colombianos, o que gera mais acesso ao livro e maior produção”, afirmou Amorim.

No tema da política do livro digital, Amorim declara que existem 50 mil títulos de domínio público que podem ser convertidos em e-books. Já está sendo implementado um programa de digitalização para poder oferecê-los na rede, ainda em 2012.

Finalmente, comentou sobre as caravanas de escritores que percorrem as cidades brasileiras, nas quais o governo aproveita para promover autores locais, muitos deles indígenas e afro-brasileiros, como exemplo de inclusão. 

Fonte: administradores.com

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