Quem diz isso não é nenhum petista de carteirinha, nem tampouco um representante da esquerda, mas o empresário que venceu a licitação para a construção da obra – o presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em artigo publicado na Folha de S.Paulo, neste domingo (09/02). Com números, ele desmonta os argumentos que sustentaram as críticas contra a obra – mais uma das tentativas dos últimos meses que pretende semear o pessimismo e o fracasso..
Acusada de receber “créditos sigilosos” do BNDES, a Odebrecht, segundo seu presidente, faturou nada menos que US$ 8 bilhões no exterior no ano passado. E segundo seu presidente, poderia ter faturado muito mais, se pudesse ter contado com mais investimentos.
Marcelo esclarece que, ao contrário do que foi alardeado pela mídia, que preferiu tratar toda a operação como uma “denúncia de malfeito”, o BNDES não investiu em Mariel. “O BNDES financiou as exportações de cerca de 400 empresas brasileiras, lideradas pela Odebrecht, no valor equivalente a 70% do projeto”. Em seguida, dispara: “Se o porto será de grande importância para o socialismo cubano, foi o capitalismo brasileiro que mais ganhou até agora”.
“País que não exporta não cresce, não adquire divisas e não se insere na economia internacional”, avalia o presidente da Odebrecht. Ele reforça que a exportação de serviços suporta hoje 1,7 milhão de postos de trabalho no Brasil, na interação com vários setores produtivos e também promove a inovação e estimula a capacitação de mão de obra altamente especializada.
“Entretanto, lemos e ouvimos que o financiamento brasileiro gera empregos no exterior; que os contratos são sigilosos, talvez para encobrir negócios escusos; que drena recursos da nossa infraestrutura; e que o TCU (Tribunal de Contas da União) não fiscaliza”, alerta, reiterando que nenhuma das acusações lançadas pela mídia mal-humorada é procedente
Em seu artigo, ele elenca os argumentos para embasar sua tese:
Primeiro: o financiamento à exportação gera empregos no Brasil, porque não há remessa de dinheiro para o exterior. Os recursos são desembolsados aqui, em reais, para a aquisição de 85% dos bens e serviços produzidos e prestados por trabalhadores brasileiros (os demais 15% são pagos à vista pelo importador).
Segundo: informações como o valor, destino e objeto do financiamento sempre foram públicas, como pudemos ouvir e ler em todos os meios que trataram de Mariel. As únicas informações que não são públicas são as usuais das operações bancárias, como o valor do seguro, eventuais contragarantias e as taxas que compõem a operação. Nos financiamentos feitos pelos chineses, alemães, americanos, enfim, por todos os países, essas informações também são confidenciais. Não foram o Brasil e Cuba que inventaram essa regra.
Terceiro: os recursos que financiam exportações não concorrem com os destinados a projetos no Brasil e são providos por fontes diferentes. Os números falam por si: em 2012, o BNDES destinou cerca de US$ 7 bilhões para apoiar o comércio exterior e US$ 173 bilhões para o mercado interno.
O porto de Cuba não impediu a construção de nenhum projeto no Brasil. Aliás, até ajudou. Por meio da exportação de serviços, como a de Mariel, a Odebrecht se capacita e gera resultados que aplica aqui, como fez no terminal de contêineres da Embraport, em Santos. É o maior do Brasil e foi construído pela Odebrecht, simultaneamente a Mariel, com investimento próprio de R$ 1,8 bilhão.
E lembra que o TCU fiscaliza, sim, “certificando se são nacionais os bens e serviços exportados”. Marcelo Odebrecht conclui no final que se a preocupação dos pessimistas é com o reisco de calote, vale lembrar que “os maiores “defaults” recentemente enfrentados pelo Brasil vieram dos Estados Unidos e do Chile. Default é a incapacidade de pagamento ou cumprimento de obrigações legais, ou , em português claro, calote.
Com informações da Folha de São Paulo