No primeiro semestre de 2013, o IED global estimado alcançou US$745 bilhões, superando os números registrados no mesmo período de 2012, que foram de US$718 bilhões.
Balanço da Unctad sobre investimento direto no mundo (IED) mostra primeiro semestre de 2013 um pouco mais vigoroso do que o de 2012, com US$ 745 bilhões contra US$ 718 bilhões. O Brasil manteve estabilidade na captação de capital para investimento em produção, apesar da queda de 8% apontada na América do Sul. O País recebeu US$ 30 bilhões nos seis primeiros meses do ano, contra US$ 32,5 bilhões do ano passado – uma variação que pode ser classificada como estável, diante das grandes mudanças ocorridas nas dez maiores economias do mundo, entre as quais a brasileira.
O fluxo de grandes massas de capital, neste ano, está sendo marcado pelas transferências de recursos de um país para outro por meio de negócios milionários entre grandes empresas. O número de fusões e incorporações entre empresas fez a diferença no trânsito de dinheiro pelo mundo, assim como os chamados greenfield investments, investimentos em campo verde, traduzido ao pé da letra. Para a indústria, principalmente, representa aplicação de recursos para produção a partir do zero, com construções no lugar de demolições. Também se aplica a expressão na definição de projetos e instalações de produtoras de software, quando são lançados na internet produtos e serviços de interação com o cidadão/consumidor totalmente novos.
Houve uma quase completa reordenação no ranking da Unctad que reúne as dez principais economias do mundo (veja o gráfico acima). A lista é liderada pelo Reino Unido, (com US$ 75 bilhões), no posto antes tradicional dos Estados Unidos (US$ 66 bilhões) – empurrado para o terceiro lugar, com um bilhão de dólares a menos do que a China, a vice-líder.
Junto com os EUA, perderam posição Hong Kong, Irlanda, Singapura e Brasil, que recebeu US$ 30 bilhões no período, contra US$ 32,5 bilhões recebidos nos seis primeiros meses de 2012. Em 2011, no mesmo período, recebeu US$ 29,5 bilhões.
A expectativa é de que a turbulência da economia mundial, diante da probabilidade de novos impasses no Congresso norte-americano em torno do colossal déficit público do país, irá gerar ondas de incerteza de repercussão em todos os países do mundo. A circunstância vivida há poucas semanas pelos norte-americanos, quando o Estado parou de funcionar por falta de recursos financeiros, é definida no documento da Unctad como “precipício fiscal”.
Os fluxos globais de IED cresceram 4% no primeiro semestre de 2013, em comparação com igual período de 2012, impulsionada pelo melhor desempenho de países de economia em transição e em desenvolvimento do Sudeste Europeu, América Latina e Caribe, que receberam 60% dos investimentos totais realizados – uma participação recorde. A América do Sul, mesmo com o crescimento das captações da Colômbia e do Peru, recebeu menos capitais do que no ano anterior.
Ponto a ponto
– Os investimentos estrangeiros diretos (IED) em todo o mundo somaram US$ 745 bilhões no primeiro semestre de 2013, quantia 4 % superior ao do mesmo período de 2012, com tendência divergente entre as economias dos países em desenvolvimento e em transição e os países desenvolvidos.
– Nos países em desenvolvimento e nas economias em transição, o aumento foi impulsionado por aquisições entre empresas na América Central e no Caribe, bem como os IED registrados em países da Federação Russa. Embora os fluxos para o desenvolvimento da Ásia tenham caído ligeiramente, a região continua a absorver mais de metade do IED direcionado para economias em desenvolvimento e um quarto dos fluxos globais de IED.
– O tombo do IED foi puxado pela redução dos investimentos nos países em desenvolvimento, destacando-se as quedas ocorridas nos Estados Unidos, França e Alemanha. O Reino Unido continua sendo exceção entre os mais ricos, mantendo sua tendência ascendente na atração de capitais.
– A Unctad estima que os fluxos de IED de 2013 permanecerão próximos do nível de 2012, apesar de algumas melhorias nas condições macroeconômicas em economias desenvolvidas. Além dos riscos relacionados à área do Euro e do chamado “precipício fiscal” nos EUA, a transição para um padrão de crescimento mais lento em alguns mercados emergentes e o desaquecimento da procura dos consumidores nos países desenvolvidos pode haver um impacto negativo sobre os fluxos de IED este ano.
Olhando para o futuro, as previsões da UNCTAD apontam para um crescimento dos fluxos globais de IED em 2014.
– O fluxo para as economias desenvolvidas mantiveram o declínio, enquanto o fluxo para os países em desenvolvimento e as economias em transição voltou a subir. Poucos países experimentaram um grande crescimento de IED no período, dois deles em decorrência de acordos grandes e complexos: as fusões Glencore-Xstrata (US$46 bilhões) e British Petroleum (BP)-Rosneft.
– Como resultado, dessas duas transações, a Rússia, o Reino Unido e as Ilhas Virgens Britânicas vivenciaram um crescimento robusto, em comparação ao primeiro semestre de 2012. Os Estados Unidos, a Suíça, a Holanda, a França, a Suécia e a Alemanha sofreram forte declínio.
– Após um leve declínio em 2012, o IED voltou a crescer na América Latina e no Caribe, com um salto de 35% no primeiro semestre de 2012, num montante de U$ 65 bilhões. Esse crescimento foi puxado pela América Central (109%) e pelo Caribe (82%), enquanto os fluxos para a América do Sul caíram 8%.
– O quadro contrasta com a realidade dos últimos três anos, quando a América do Sul foi o principal captador de IED na região. A aquisição de 44.46% das ações do mexicano Grupo Modelo pela belga Brewer Anhauser Busch’s (transação de US$8 bilhões) explica grande parte do desempenho do México. Já o desempenho do Caribe é, em grande parte, decorrente do acordo BP-Rosneft, já que os donos da russa TNK-BP estão sediados nas Ilhas Virgens Britânicas.
– A queda dos fluxos de IED para a América do Sul é consequência, principalmente, do recuo de 50% nos resultados do Chile, que em 2012 foi o segundo principal “puxador” da taxa da região. O país perdeu investimentos no setor de mineração, especialmente reinvestimento de lucros de empresas estrangeiras, em função da redução dos preços das commodities.
– Os fluxos de IED para o Brasil permaneceram estáveis em US$ 30 bilhões, apesar de uma queda de 22% no fluxo de capitais resultantes de fusões e aquisições internacionais e de greenfield investments. Essa queda, porém, foi compensada pelos empréstimos intra-empresas, que mais que dobraram no período.
– O IED na Colômbia cresceu 6% impulsionado por investimentos na mineração e em setores da indústria transformadora. O Peru registrou forte alta de 27%, alcançando o terceiro lugar na América do Sul como captador de investimentos estrangeiros, ficando atrás apenas do Brasil e da Colômbia, superando o Chile pela primeira vez na história.
– Na Ásia em desenvolvimento, a recuperação dos fluxos de IED foi fraca, em parte devida a um menor crescimento econômico e à incerteza macroeconômica, bem como à baixa demanda nos mercados de consumo em muitos países investidores. No primeiro semestre de 2013, o total de fluxos para a região chegou a US$ 192 bilhões, 5% menor que o verificado no mesmo período de 2012.
– O resultado da Ásia já contabiliza o desempenho da China – o segundo maior receptor de IED do mundo, que retomou seu crescimento, após uma ligeira queda no final de 2012, graças ao aumento da atração de investimentos em serviços como imóveis e comércio de distribuição. Juntamente com o aumento dos fluxos para a República da Coreia, os números compensaram, em certa medida a queda do IED para um grande número de destinatários da região, como Hong Kong (China), Singapura e Tailândia. A instabilidade política continua a desencorajar os investidores estrangeiros na região.
– Os fluxos de IED para a África diminuíram 5% no primeiro semestre de 2013 em comparação ao mesmo período do ano anterior. O IED das economias em transição do Sudeste da Europa da Comunidade de Estados Independentes (CEI) e da Geórgia mais do que duplicou no primeiro semestre de 2013 em comparação com o mesmo período em 2012 . O investimento na Rússia atingiu US$ 73 bilhões, graças principalmente às transações envolvendo BP (Reino Unido) e Rosneft.
– Nos países desenvolvidos, a captação manteve-se moderada, embora algumas dessas economias mostrem sinais de recuperação. Os aumentos são principalmente um reflexo do nível particularmente baixo de entradas em 2012.
– Os fluxos para a Europa no primeiro semestre de 2013 caíram 20% em comparação com o mesmo período em 2012. No entanto, se comparado com o segundo semestre de 2012, os fluxos aumentaram, porém a partir de um nível muito baixo. Recuperações significativas em IED parecem estar em curso no Reino Unido e na Espanha – líder de desemprego entre as principais economias do planeta.
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