Violência contra a mulher

Brasil registra mortes de 1.338 mulheres por violência na pandemia

Levantamento aponta crescimento dos casos de feminicídios, estimulados pelo desmonte das políticas de proteção
Brasil registra mortes de 1.338 mulheres por violência na pandemia

Foto: Agência PT

Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência durante a pandemia do Coronavírus no Brasil. Um levantamento do Instituto Datafolha aponta a morte de 1.338 mulheres, com crescimento de 2% no número de casos de feminicídios.

Os dados revelam que as violências foram praticadas pelos companheiros, ex-companheiros ou pretendentes das vítimas. As informações foram repassadas pelas secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal.

Desgoverno Bolsonaro
Especialistas afirmaram ao Instituto Datafolha que o aumento no número de feminicídio tem relação com o impacto negativo das políticas de afrouxamento das regras de controle de armas e munição patrocinadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Há muitos indícios e estudos em outros países que apontam para o agravamento da violência contra as mulheres em situação de crises, como tem sido na pandemia”, afirmou Aline Yamamoto ao Datafolha. Ela é especialista em Prevenção e Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da ONU Mulheres Brasil.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, ressalta os avanços das políticas públicas de proteção à mulher nos governos Lula e Dilma, como a criação do Disque 180. A lei que autorizou a criação da linha telefônica tem 18 anos (Lei 10.714/03). O serviço único e gratuito foi implementado no governo Lula, em 2005.

 


Aumento
Dos 13 Estados que registraram o aumento da violência contra as mulheres em 2020, 12 são do Norte, Centro-Oeste ou Nordeste. Apenas Minas Gerais (alta de 4%) está fora desse grupo.

Conforme o estudo, dos estados que historicamente têm grande número de feminicídios, o Mato Grosso, governado por Mauro Mendes (DEM), teve expressivo aumento em 2020, 59%. É também onde, proporcionalmente à sua população, mais mulheres são mortas por sua condição de gênero.

A secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Karolyne, acredita que há dados ainda ocultos e que a pandemia intensifica as subnotificações.

“Em casa, silenciadas e sem garantia de retorno ao mercado de trabalho, as mulheres não vêem a denúncia como uma possibilidade. Portanto, há dados ainda ocultos que fogem do olhar das autoridades e do poder público. O silenciamento e falta de perspectiva retroalimentam o ciclo da violência, criando obstáculos para que a mulher consiga sair dessa situação”, destaca.

A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) e os presidentes da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal e da Câmara dos Deputados também se manifestaram em relação à pesquisa:

 

“Essa é uma terrível chaga social, que tem tomado contornos dramáticos durante esta pandemia. As mulheres, visivelmente, estão mais expostas à violência. É algo que já vem se anunciando há tempos e não vemos o governo federal se mexer nesse sentido, adotar uma política clara de enfrentamento a essa tragédia dentro de outra tragédia, que são as mortes por covid. Vamos tratar dessa questão seriamente na CDH do Senado”, afirma o senador Humberto Costa (PT/PE).

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