Perseguidos e cassados pelo regime militar, deputados e deputadas federais voltarão a subir a rampa do Congresso Nacional para, simbolicamente, reaver seus mandatos. Nesta quinta-feira, (6), às 15h, em ato solene, parlamentares que enfrentaram a ditadura e tiveram suas prerrogativas usurpadas autoritariamente receberão as honras de forma semelhante à tradicional posse que ocorre a cada quatro anos.
Dos 173 parlamentares cassados ao longo de quatro legislaturas, entre 1964 e 1977, durante o regime militar, 28 estão vivos e passarão novamente pelo tapete vermelho usado durante a cerimônia de posse. Além deles, parentes dos 145 que já morreram serão recebidos pelo presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), e receberão, simbolicamente, documentos em forma de diplomas e broches de uso parlamentar.
“A nossa preocupação é que esse gesto chegue à consciência dos cidadãos deste país. Sobretudo, das novas gerações. Essa é uma mancha desbotada na consciência das novas gerações. É preciso reavivar isso para consolidar a democracia. Para evitar que as violações dos direitos humanos aconteçam nos dias de hoje. Seja nos presídios ou nas ruas das grandes cidades”, disse a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), autora da iniciativa.
Com a redemocratização e a aprovação da Lei da Anistia, muitos deputados cassados durante o regime militar voltaram ao Parlamento por meio do voto popular. No entanto, nenhum dos homenageados ocupa atualmente o cargo.
Entre os parlamentares homenageados estão o ex-relator da Assembleia Nacional Constituinte Bernardo Cabral, os ex-governadores de São Paulo Mário Covas, do Rio de Janeiro Leonel Brizola, do Distrito Federal José Aparecido e do Amazonas Gilberto Mestrinho. Também estão na lista a sobrinha-neta do ex-presidente Getúlio Vargas, Ivete Vargas, o Padre Vieira e Rubens Paiva, morto pelo regime militar.
A homenagem é uma iniciativa da Comissão da Verdade da Câmara.
Com informações da Agência Câmara