Escândalo Pegasus

Carlos Bolsonaro está ligado a escândalo mundial de espionagem

Investigação conjunta de 17 veículos de comunicação estrangeiros revelam que software que o filho do presidente da República tentou comprar, segundo denúncia do UOL, foi utilizado para espionar presidentes, primeiros-ministros, jornalistas e ativistas de direitos humanos ao redor do mundo
Carlos Bolsonaro está ligado a escândalo mundial de espionagem

Foto: Site do PT

O escândalo de espionagem do ano — que envolve a invasão de celulares de presidentes, primeiros-ministros, ativistas de direitos humanos, jornalistas e advogados ao redor do mundo — tem um capítulo brasileiro graças à família Bolsonaro. O software que está no centro desse crime de amplitude global é o mesmo que Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho de Jair Bolsonaro, tentou adquirir via Ministério da Justiça para criar uma “Abin paralela”, segundo denunciou, em maio passado, o site UOL.

Classificada pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden de “a história do ano”, o escândalo começou a ser revelado no domingo (18), graças a uma investigação conjunta de 17 veículos de comunicação. As dezenas de jornalistas envolvidos tiveram acesso a uma lista de mais de 50 mil números de telefones de todo o mundo que pertencem a pessoas que os clientes da empresa israelense NSO gostariam de espionar.

A NSO é a criadora do sistema Pegasus, um software de hackeamento que permite acessar praticamente todos os dados presentes em um aparelho celular: mensagens enviadas e digitadas; informações de acesso a contas bancárias, redes sociais e e-mail; localização; sites visitados e tempo de permanência em cada um deles. O programa permite até mesmo ativar remotamente a câmera e o microfone do celular para ouvir ligações e tirar fotos do ambiente onde o aparelho está.

 

 

Segundo o jornal britânico The Guardian, nessa lista de pessoas espionadas estão desde ativistas de direitos humanos e jornalistas (são cerca de 180 desses profissionais) que combatem governos autoritários no mundo até funcionários de governos, presidentes e primeiros-ministros. Os nomes desses investigados e quem aparentemente os monitorou ilegalmente devem ser revelados nos próximos dias.

Carlos Bolsonaro e a Abin paralela

É preciso esperar o desenrolar da história para saber se e como o Pegasus foi utilizado no Brasil. Mas o escândalo já tem um capítulo brasileiro, escrito pela família Bolsonaro. Em maio passado, o UOL revelou que Carlos Bolsonaro interferiu em uma licitação do Ministério da Justiça para ter controle sobre o Pegasus. Fontes ouvidas pela reportagem contam que Carlos articulou com o ministro Anderson Torres para que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Informações (Abin) ficassem de fora do processo de contratação. O objetivo do filho do presidente, segundo essas fontes, era o de montar uma “Abin paralela”.

UOL informou ainda que a contratação daria direito a 249 licenças para uso do programa. Dessas, Carlos teria controle sobre 155, por meio de Anderson Torres. Chama a atenção o fato de que a licença de uso seria por 12 meses e de que o processo de licitação ocorreu no ano anterior às próximas eleições gerais no Brasil.

Para o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), a manobra de Carlos Bolsonaro é mais uma evidência do apreço da família Bolsonaro por regimes totalitários e práticas de espionagem. Já o deputado José Guimarães (PT-CE) classifica a história como “gravíssima”.

 

 

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