Em que pese o momento trágico vivido pela imensa maioria da população diante dos retrocessos impostos a toque de caixa pelo desgoverno de Jair Bolsonaro (PSL), o brasileiro sempre encontra um jeito de amenizar o sofrimento – geralmente com humor. “O povo vai se tornar vegetariano na marra”, publicou um internauta tão logo o aumento histórico no preço da carne chegou às prateleiras dos mercados de todo o país.
A “brincadeira”, no entanto, acabou por ilustrar com precisão a face mais nefasta dessa trágica gestão antipovo: a população está, de fato, abrindo mão da proteína animal durante as refeições. No caso da carne bovina, a situação saiu do controle e o bom e velho bife no prato de cada dia tem se tornado um sonho cada vez mais distante para a imensa maioria – não custa lembrar que mais da metade dos brasileiros vive com cerca de R$ 400.
Mas nem tudo neste desgoverno aumenta de valor. O salário mínimo, por exemplo, só tem diminuído. Logo no primeiro dia de seu mandato, o radical autoritário assinou decreto em que reduz o aumento previsto para o salário mínimo de R$ 1.006 para R$ 998 – em 2018, o vencimento base do trabalhador estava em R$ 954. Agora, também já anunciou que a projeção do SM para o ano que vem terá quase R$ 10 a menos.
Prestes a completar um ano à frente da nação, é quase impossível encontrar um único motivo sequer para comemorar. E o custo abusivo no preço da carne nesta reta final de 2019 tornou-se mais um símbolo de um governo que desde janeiro tem acumulado um desastre atrás do outro. A maioria, claro, com efeitos catastróficos na vida dos que mais precisam.
Abaixo, relembramos alguns dos retrocessos que só confirmam o que muitos já sabiam: Jair Bolsonaro governa para a elite e tem repulsa ao povo brasileiro.
Carne vira artigo de luxo
O preço da carne bovina disparou nas últimas semanas. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em menos de três meses, alguns cortes registraram alta acima de 50%, como o contrafilé. Para o coxão mole, a alta foi de 46% no custo do produto, que, consequentemente, foi repassado ao consumidor final.
A justificativa para o aumento é a alta na arroba do boi gordo, influência do mercado externo entre outros fatores. Isso, como se sabe, não elimina a responsabilidade do governo. Com rabo preso à bancada ruralista, Bolsonaro já avisou que não vai interferir no aumento do preço e jogou a solução para o futuro. “Acho que daqui alguns meses vai baixar”, limitou-se a dizer.
Mas a própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já havia deixado claro que o preço jamais voltará ao preço anterior e ainda justificou: “Estava muito barata antes”. Enquanto isso, o povo tenta dar um jeito para manter a carne no cardápio diário que, é bom que se diga, está cada vez mais precário.
Sai gás de cozinha, entra lenha
Já não é segredo para ninguém que as promessas feitas por Bolsonaro durante a campanha não passaram de fake news. Mas uma delas ainda está difícil de engolir: o aumento do gás de cozinha. Antes de assumir o cargo, Jair disse que o brasileiro pagaria apenas R$ 30 no botijão no seu mandato. Dez meses depois do início do desgoverno, o preço médio do botijão já é R$ 65, mas com variações que podem R$ 115. .
Não contente com o crescimento sistemático no preço desde janeiro, no final de outubro, o governo Bolsonaro autorizou novo aumento de 5% no gás nas distribuidoras e confirmou o seu total desprezo pelos mais pobres.
Mas Bolsonaro não está sozinho nessa. A escalada no custo do gás de cozinha vem desde o golpe de 2016 e já gerou graves consequências: de acordo com levantamento divulgado pelo IBGE, um quinto das famílias brasileiras já passou a usar lenha ou carvão para cozinhar. São ao menos 14 milhões de lares voltando ao século 19.
Diesel tem 11 aumentos no ano
Dezembro mal começou e o trabalhador brasileiro já foi tomado por incontáveis notícias ruins. Uma delas veio por meio da Petrobras, que informou nesta terça-feira (3) o aumento no valor do óleo diesel em 2%. A alta é a 11ª consecutiva consentida pelo governo Jair Bolsonaro desde setembro e o valor do combustível nas bombas já ultrapassa o preço de maio de 2018, quando foi desencadeada a greve dos caminhoneiros.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o litro do diesel era comercializado na semana passada por, em média, R$ 3,708. m maio do ano passado, quando caminhoneiros pararam o país solicitando a redução dos preços do combustível, o preço do diesel era de R$ 3,59.