Parlamentares do PT criticaram duramente o anúncio – noticiado pela imprensa como indicação de Paulo Guedes – do economista Roberto Castello Branco como futuro presidente da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro. Professor da Fundação Getúlio Vargas, Castello Branco é oriundo da Universidade de Chicago, principal centro do pensamento neoliberal no âmbito acadêmico.
O economista defendeu, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em junho passado, que é “urgente a necessidade de se privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais”.
De acordo com a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a escolha equivale a colocar a raposa tomando conta do galinheiro. “Vai para a Petrobras quem defende sua privatização. É a entrega do Brasil ao sistema financeiro internacional”, afirmou a senadora em sua conta no Twitter, na qual também sugeriu o documentário “A doutrina do choque”, da jornalista canadense Naomi Klein, para se entender o que pode acontecer com o Brasil.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), a indicação deixa claro o viés entreguista do futuro governo e gera um evidente conflito de interesses. “Se isso for confirmado, teremos um flagrante conflito de interesses, pois é uma afronta você colocar na direção de uma das maiores empresas do mundo no seu setor alguém que é notoriamente favorável à venda dessa empresa”, diz Pimenta.
“Castello Branco não está sendo escolhido para ser o presidente, mas sim o coveiro da quinta maior empresa brasileira e uma das maiores petrolíferas do mundo. Seria como colocar para presidir a Ford uma pessoa que quer vender a Ford para a Volkswagen”, complementa o líder.
No artigo publicado na Folha de S. Paulo, Castello Branco considera “inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada”, esquecendo que foi a Petrobras que desenvolveu a tecnologia para descobrir e explorar o pré-sal e é a empresa no mundo que melhor domina a extração de petróleo em águas profundas.