Nesta semana, na condição de líder da Bancada do PT no Senado expressamos em pronunciamento, o sentimento de pesar e afeto à população do Rio Grande do Sul vitimada pelos efeitos devastadores de um desastre climático extremo, ainda em curso. Não tenho dúvidas que essa manifestação traduziu o sentimento do povo do Pará, majoritariamente de índole solidária, pela sua formação cultural e vocação cristã.
Somente os negacionistas para contestarem a relação direta dessa catástrofe com as mudanças climáticas. Sem a pretensão de apontar o dedo para ninguém, todavia não constituiu ato compatível com o contexto da crise climática, o afrouxamento significativo de mais de 480 Normas do Código Ambiental do Rio Grande do Sul conduzido pelo governador Eduardo Leite, do PSDB, no seu primeiro ano de governo, em 2019. Não à toa, o fato coincidiu com a fase de “passa boiada” na área ambiental patrocinada pelo então ministro Ricardo Salles, no governo Bolsonaro.
Os números reais da tragédia humanitária somente serão totalmente conhecidos após as águas baixarem.
Até o fechamento deste artigo, a Defesa Civil do RS contabilizava 431 municípios afetados duramente pelas cheias, com 83% dos municípios em estado de calamidade. O número de mortos teria chegado a 107 pessoas; 134 desaparecidas; 754 feridas, e mais de 68 mil pessoas em abrigo. As dimensões “apocalípticas” desse sinistro já podem ser demonstradas pela destruição completa de várias cidades do estado e o êxodo de mais de 320 mil pessoas.
Em meio à calamidade, uma minoria de seres abjetos aproveita o caos para o cometimento de crimes contra uma população indefesa, devastada, que vão de assaltos, saques e até estupros em abrigos. De outra parte, os demônios da extrema direita encarnados em agentes públicos e militantes impiedosos disseminam desinformações, pânico e outros crimes pela internet para atacar o governo federal e tentar sabotar o socorro aos gaúchos. Inclusive, parte desse esgoto incita a corrida da população brasileira aos supermercados alardeando a disparada dos preços dos alimentos e a venda limitada de arroz.
Quero elogiar e agradecer a sensibilidade e presteza do presidente Lula que desde o início desse desastre vem deflagrando verdadeira operação de guerra com a mobilização de todo o seu governo para acolher e socorrer a população gaúcha e para a reconstrução do estado. Digno de nota, também, por revelar a generosidade e empatia da maioria dos brasileiros, a adesão da população de todos os cantos do país nesses esforços para a mitigação dos efeitos desse evento sem precedentes. Aliás, as instituições em geral têm sido exemplares na verdadeira unidade nacional edificada em defesa do povo gaúcho.
Quanto às ações ao governo federal, não haveria espaço neste artigo para discriminar o efetivo de agentes públicos civis e militares em atuação no estado e todo o apoio de mobilização de equipamentos, logística e recursos financeiros já alocados na ajuda ao estado, municípios e a toda a população. Somente o ministério da Defesa mantém no estado mais de 12 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.
O governo federal anunciou no último dia 9/5 um pacote de R$ 50,9 bilhões para cuidar das famílias, auxiliar na reconstrução do estado, apoiar empresários, produtores rurais e alavancar a economia. Incluem o pagamento antecipado do Bolsa Família e do auxílio gás, linhas de crédito com juros reduzidos, estruturação de projetos de logística e infraestrutura e restituição prioritária do Imposto de Renda.
São 12 iniciativas econômicas beneficiando mais de 3,5 milhões de pessoas. Como disse o presidente Lula: isto é só o começo. No dia 13 o ministro Haddad deverá divulgar o ato de suspensão das dívidas do Rio Grande do Sul com a União. O resgate do “caramelo” será o símbolo da cavalgada pela reconstrução do Rio Grande do Sul.