Saúde pública

CDH debate como enfrentar depressão grave e suicídio

"As estatísticas são números sem alma, que não traduzem a dor dos envolvidos”, diz a senadora Regina Sousa
CDH debate como enfrentar depressão grave e suicídio

Foto: Alessandro Dantas

No mês de setembro, muitos prédios públicos brasileiros se iluminam de amarelo, como forma de lembrar que o suicídio é um problema que precisa ser enfrentado. Para a presidenta da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Regina Sousa (PT-PI) isso não basta. Ela é a autora do requerimento que possibilitou a realização, na tarde dessadestaque segunda-feira (03), de um debate sobre o assunto.

O aumento no número de casos, os dados mostrando que, em média 11 mil pessoas tiram a própria vida no Brasil a cada ano e que essa média é ainda maior entre jovens e idosos, mulheres e indígenas foram alguns dos motivos que levaram a presidenta da Comissão a enfrentar o tabu da discussão.

“As estatísticas são números sem alma, que não traduzem a dor dos envolvidos”, lamentou Regina. Depois das palestras e, especialmente, do depoimento de Francimélia Nogueira, que perdeu uma filha há 15 meses e hoje integra o Grupo Vida Que Segue, de pais enlutados por suicídio, uma certeza: suicídio é um problema de saúde pública e como tal deve ser enfrentado, tanto por médicos, psicólogos e autoridades como por amigos, familiares, comunidade e, acima de tudo, escolas, onde as mudanças de comportamento dos jovens podem ser mais evidentes.

Para o senador Paulo Paim, o desemprego e o uso de drogas entre os jovens e a situação da aposentadoria entre os idosos são fatores que podem levar ao desespero. Ele alertou para o risco do vício em tecnologia que resulta em isolamento e prejudica os relacionamentos.

Os especialistas em saúde mental avaliaram que dificuldades econômicas, perda de familiares e desemprego, e doenças emocionais, como depressão, foram apontadas como possíveis motivos para que uma pessoa desista de viver. Segundo a médica, é preciso acolher, e abrir cada vez mais o debate, mas sempre de uma forma respeitosa.

O Brasil ocupa hoje o oitavo lugar no ranking mundial de casos de suicídio a cada ano. Segundo dados do Centro de Valorização da Vida (CVV), 32 brasileiros morrem todo dia por suicídio e 17% da população já pensou em interromper a própria vida. No mundo, o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 19 anos, atrás somente dos acidentes de trânsito.

Fatores estressores, como perda de familiares e desemprego, e doenças emocionais, como depressão, foram apontadas pelos participantes do debate como possíveis motivos para um suicídio. Eles afirmaram que dar suporte social, restringir o acesso a meios perigosos, procurar tratamento adequado para deficiências emocionais e cultivar atitudes de esperança são recursos que podem ajudar a evitar os suicídios.

Além do senador Paulo Paim (PT-RS) e de Francimélia Nogueira, participaram da audiência pública a jornalista Leila Herédia, voluntária no CVV, a psiquiatra Fernanda Benquerer Costa, especialista em ações de prevenção de suicídio, a psicóloga Rosane Lorena Granzoto, do Conselho Federal de Psicologia. Também presentes ao debate a assessora técnica da Secretaria de Atenção em Saúde do Ministério da Saúde, Cinthia Lociks de Araújo, a jornalista Ana Graziela Aguiar e o psiquiatra André Mattos Salles, especialista em atenção à infância e adolescência.

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