O desafio é aumentar o investimento e não depender apenas do consumo como meio para impulsionar as mudanças estruturais com igualdade, incorporar o progresso técnico e dar sustentabilidade ao crescimento
A América Latina e o Caribe deverão registrar uma aceleração de seu crescimento econômico, em 2013, “apesar das incertezas que ainda persistem em nível mundial”, afirma um estudo divulgado nesta terça-feira (11) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), na sede da instituição — um organismo das Nações Unidas — em Santiago do Chile.
Segundo o relatório “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe
A região deverá finalizar 2012 com um crescimento de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), maior que a taxa prevista para a economia global (de 2,2%), embora menor que os 4,3% registrados em 2011. Segundo a Cepal, isso demonstra que a crise econômica mundial “teve um impacto negativo, embora não dramático, no continente, que manteve, ao longo do ano, uma certa capacidade de resiliência para enfrentar choques de origem externa”.
A Cepal alerta, porém, que os resultados da economia da região continuam, em grande parte, a depender da evolução da economia mundial, em 2013. O “cenário mais provável” apontado pela instituição é que o baixo crescimento persista na Europa, no próximo ano, “inclusive com recessão, em alguns casos”, embora a Cepal não descarte a possibilidade de acordos que permitam “superar gradualmente os desequilíbrios financeiros, fiscais e de competitividade atualmente existentes”.
EUA e China
O estudo aponta que as perspectivas de uma acordo fiscal que permita aos Estados Unidos começar a superar a crise “aumentaram após as últimas eleições presidenciais”, com a recondução de Barak Obama à presidência. Para a economia chinesa, a Cepal projeta a possibilidade de um maior crescimento, em 2013—“ou, ao menos, manter as atuais”. Isso vai depender da capacidade da China de aumentar o consumo interno e de manter sob controle as pressões inflacionárias, “ao mesmo tempo em que recupera o crescimento das exportações”.
De volta à América latina e o Caribe, o estudo da Cepal aponta que a manutenção do aquecimento da demanda interna nas economias da região será consequência da melhoria no nível de emprego, do aumento do crédito bancário ao setor privado e da manutenção dos preços das matérias primas — “que não sofreram quedas significativas adicionais, apesar da elevada incerteza externa”.
A instituição alerta que os países do Caribe continuarão registrando uma fragilidade fiscal e sugere a realização de reformas “acompanhadas de apoio externo que assegurem trajetórias sustentáveis de consolidação fiscal”.
“Persiste, na América Latina e no Caribe, o desafio de aumentar e estabilizar o crescimento do investimento e não depender apenas do consumo como meio para impulsionar as mudanças estruturais com igualdade, incorporar o progresso técnico e dar sustentabilidade ao crescimento”, avaliou Alicia Bárcena durante a apresentação do estudo.
Balanço de 2012
O relatório da Cepal aponta que em
No desempenho regional, prossegue o relatório, tiveram impacto o menor crescimento de duas das maiores economias do continente. A Argentina cresceu 2,2% em 2012, contra os 8,9% registrados no ano anterior. O Brasil registrou uma elevação de 1,2% em seu PIB, este ano, contra os 2,7% de 2011. Os dois países detêm cerca de 41,5% do PIB regional. “Para 2013 espera-se que ambas registrem uma recuperação (com crescimento de 3,9% na Argentina e 4,0% no Brasil)”, afirma a Cepal.
Ainda segundo o Balanço Preliminar, o maior crescimento econômico da região, em 2012, foi o do Panamá, com uma taxa estimada de 10,5%, seguido pelo Peru (6,2%), Chile (5,5%) e Venezuela (5,3%). O Paraguai (-1,8%), San Kitts e Nevis (-0,8%) e a Jamaica (-0,2%) sofreram reduções no PIB. O México deverá concluir 2012 com um crescimento de 3,8%. “Em conjunto, a América Central deverá registrar 4,2% de crescimento, a América do Sul crescerá 2,7 % e o Caribe 1,1%.
Salário e emprego
O estudo acrescenta que ante a redução da demanda externa, decorrente da crise internacional, o crescimento da região apoiou-se na expansão da demanda interna resultante do aumento dos salários e do crédito, além de ter sido parcialmente estimulada por políticas monetárias ou fiscais, na maioria dos países.
Em 2012, o emprego e os salários cresceram, e houve uma redução maior do desemprego entre as mulheres (-0,3 pontos porcentuais em média, nos países de onde a Cepal dispõe de informações) do que entre os homens (-0,1%). Para o conjunto da região, a taxa de desemprego caiu de 6,7%, em 2011, para 6,4%, em 2012, “cifra significativa em um contexto de desaceleração da economia mundial.
Com informações da Cepal
Veja o vídeo da apresentação do balanço