Cerveró avalia compra de refinaria como acerto coletivo

Cerveró avalia compra de refinaria como acerto coletivo

Ex-diretor da Petrobras refuta versão de que negócio teria sido erro e corrigiu valores do acerto

Cerveró: “Não procurem culpados, porque
não houve erro”

“Não procurem culpados, porque não houve erro”. A afirmação é do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, sobre a compra da Refinaria de Pasadena, um dos quatro fatos que estão sendo investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura supostas irregularidades na empresa brasileira. “Comprar Pasadena foi um acerto coletivo, decisão da diretoria e do Conselho Administrativo da Petrobras”, opinou.

Cerveró prestou depoimento à CPI na manhã desta quinta-feira (22), convocado na condição de testemunha. O ex-diretor respondeu a 217 perguntas do relator, senador José Pimentel (PT-CE), ao longo de três horas de audiência. E voltou a desmentir as versões alardeadas pela grande imprensa e pela oposição de que a empresa Belga Astra Oil tivesse comprado a Refinaria de Pasadena por uma bagatela e posteriormente revendido a empresa à Petrobras por US$ 1 bilhão.

O ex-diretor explicou que a Refinaria de Pasadena chegou a ser fechada, antes da aquisição pela Astra Oil, em decorrência de questões trabalhistas — interrupção dos contratos de trabalho—e pendências ambientais que a impediam de produzir gasolina, já que seus processos não se adaptavam às exigências da legislação americana. “Pasadena estava fora do mercado, daí o preço de US$ 48 milhões pagos pela Astra. O que ninguém diz é que a Astra precisou gastar US$ 360 milhões para recolocá-la em operação. Foi dessa empresa renovada que a Petrobras adquiriu 50%”, afirmou Cerveró sobre a operação concluída em setembro de 2006.

O executivo, um funcionário concursado da Petrobras, foi enfático ao rejeitar afirmações de que Pasadena fosse “uma sucata” quando a Petrobras tornou-se sócia do empreendimento. Nos Estados Unidos, refinaria de petróleo mais nova foi inaugurada em 1976. “Compararam Pasadena a um carro velho. Pois saibam que não há carros novos no mercado americano de refino.” Em seu depoimento na terça-feira, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, já havia informado à CPI que Pasadena foi eleita na semana passada pelas empresas de refino dos Estados Unidos como a melhor refinaria daquele país em segurança e cuidados ambientais.

Nem Pasadena custou à Astra Oil apenas os “US$ 42 milhões” apregoados pela oposição (na verdade, custou US$ 408), nem a Petrobras pagou “mais de US$ 1 bilhão” pelos 100% da refinaria. A Petrobras pagou pelo controle total da empresa US$ 554 milhões — o preço pago pelos primeiros 50% foi de US$ 189 milhões. O preço de uma refinaria é medido pela relação entre seu custo total e sua capacidade diária de refino. Pasadena processa 100 mil barris diários, o que estabelece um custo de US$ 5,4 mil por barril processado, considerado o preço final pago pela Petrobras pela totalidade da empresa. Na época em que foi comprada, o preço médio de uma refinaria nos Estados Unidos era de US$ 9,2 mil por barril/dia de capacidade de processamento.

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