Cerveró responde a todas as perguntas e é elogiado pela oposição

Humberto pediu “menos histrionismo” aos parlamentares da oposiçãoO ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi ouvido nesta quarta-feira (10) pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura denúncias de irregularidades na empresa. Esta foi a terceira vez que Cerveró compareceu ao Legislativo para falar sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) e repetiu explicações que já havia dado nas ocasiões anteriores sobre o negócio.

Cerveró responde a todas as perguntas e é elogiado pela oposição

Também nesta quarta-feira a CPMI decidiu convocar a depor o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa,  que está preso em Curitiba por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef e acusado de tentar destruir provas sobre o esquema investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Costa falará na próxima quarta-feira (17) , às 15 horas. A CPMI terá uma semana para examinar os documentos referentes à Operação Lava Jato, já que esses foram encaminhados hoje ao colegiado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. Esse material não incluía, até esta quarta-feira (10), o depoimento da delação premiada de Paulo Roberto da Costa, ao qual a revista Veja garante ter tido acesso.

O terceiro depoimento de Cerveró à CPMI seguiu o mesmo roteiro de reuniões anteriores do colegiado, com os deputados de oposição falando mais para as manchetes que para a investigação. O exemplo deste comportamento pôde ser constatado com a pressa com que esses parlamentares queriam falar após as perguntas do relator, deputado Marco Maia (PT-RS), para assegurar presença nos jornais e telejornais. Não por acaso, após seu discurso (as perguntas sérias foram raras), eles se apressaram em conversar com os repórteres apinhados no lado de fora do local da reunião. Sequer o conjunto da imprensa acompanha o depoimento: a maioria dos repórteres fica a postos no corredor das comissões do Senado, aguardando as entrevistas bombásticas.

“Sem histrionismo”

Logo no começo da reunião, os deputados oposicionistas tentaram provocar um pequeno tumulto, debatendo a condição na qual Cerveró deporia à CPMI – ele foi convocado como investigado, mas alguns parlamentares advogavam as vantagens de que ele depusesse como testemunha, condição na qual precisaria firmar compromisso de dizer a verdade. Fora do microfone, o senador Humberto Costa (PE), líder do PT, fez um apelo: “Sem histrionismos, por favor”. A sugestão parece ter sido acatada apenas pelo próprio Humberto e pelo deputado Afonso Florence (PT-BA), que fizeram perguntas em vez de discursos e permitiram que o depoente as respondesse, sem interromper com mais discursos.

Um ponto importante esclarecido por Cerveró — a partir de uma pergunta de Humberto — é relativo ao 

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suposto prejuízo que a Petrobras teria tido por não ter encerrado o litígio com a sócia em Pasadena, a empresa belga Astra Oil, após o resultado de uma arbitragem contratada para resolver o conflito. Segundo o Tribunal de Contas da União, a decisão de prosseguir com a questão na Justiça americana teria acarretado perdas à empresa. Cerveró explicou, porém, que a Petrobras seguiu com a causa porque a Astra não abriria mão dos processos que movia na Justiça. No fim, os US$ 820 milhões pagos pela Petrobras pelos 50% de Pasadena corresponderam ao valor definido na arbitragem, mais o preço da própria arbitragem e as custas judiciais com os processos.

Além de repetir as informações sobre a compra de Pasadena que já havia dado à CPI do Senado e às comissões temáticas do Congresso em que já foi ouvido, Cerveró foi questionado a respeito do apartamento duplex de 300 metros quadrados onde morava em Ipanema, no Rio de Janeiro.

O imóvel pertence a uma empresa offshore uruguaia, que o comprou logo após a Petrobras ter sido obrigada pela justiça americana a adquirir a segunda metade da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Cerveró afirmou que pagava o equivalente hoje a R$ 7 ou R$ 8 mil, quando, segundo os parlamentares, valeria R$ 20 mil.

Ao final, vários parlamentares da oposição que haviam sido ríspidos com o depoente no início da sessão – uma garantia a mais para aparecer na mídia – pediram desculpas e elogiaram a disposição do ex-diretor da Petrobras de esclarecer os fatos

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