Lindbergh: a saída Temer-Cunha é imoral, golpistaSe antes havia no País uma animosidade excessiva para tirar do poder uma presidenta legitimamente eleita, agora a população parece ter começado a refletir sobre o que viria a seguir: o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos articuladores do impeachment contra Dilma. A opinião é do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) que, em discurso ao plenário, nesta segunda-feira (4), afirmou que há um clima de virada contra a tentativa de golpe.
“Uma coisa é botar muita gente contra o governo que tem um desgaste; outra coisa é saber que vão assumir ali Temer e Eduardo Cunha. Isso é um fator que desmobiliza”, especula o parlamentar.
Se Temer assumisse no lugar de Dilma, não haveria um ‘vice de ofício’, tornando o próximo da linha sucessória, o presidente da Câmara – ou seja, Cunha, no chefe do Executivo na ausência do presidente da República. “Não sei se o outro lado, nas manifestações, vai continuar com o mesmo vigor agora, pois a chapa do golpe está clara! Quem vai assumir é Temer e Eduardo Cunha. Vejo um momento de crescimento nosso e de perplexidade dos que estavam defendendo o impeachment com tanto entusiasmo”, disse Lindbergh.
Ele citou ainda o editorial de domingo (4) da Folha de S.Paulo, quando o jornal, apesar de defender a renúncia de Dilma, questionou a credibilidade de um governo peemedebista. “Não é uma opinião só dela [Folha], mas de muitos que estão ali. Há um constrangimento, mesmo daqueles que estavam nas ruas contra nós, com essa saída. A saída Temer-Cunha é imoral, golpista!”, exclamou.
O senador acredita que o “velho PMDB” quer se aproveitar das manifestações legítimas das ruas para “assaltar o poder”. “O que esse pessoal quer é abafar as investigações, é diminuir a temperatura da [operação] Lava Jato”, disse. Na semana passada, a colunista Mônica Bergamo (Folha) falou de um acordo para livrar Cunha da cassação.
“Eu não tenho dúvida. Os dois são irmãos siameses. O Temer, como presidente, vai fazer de tudo para tentar abafar os podres de Eduardo Cunha, porque resvalam nele”, afirmou o senador petista.
Retomada do crescimento econômico
Lindbergh destacou que está otimista e que o golpe contra Dilma será superado no Congresso Nacional. E, após essa etapa, o parlamentar defende que seja apresentada uma agenda à nação de recuperação do crescimento econômico.
Ao todo, são três pontos defendidos pelo senador para essa mudança de cenário.
O primeiro é a correção do sistema tributário, com um projeto que tribute o “andar de cima”. “Depois que a Receita Federal divulgou os dados do Imposto de Renda, ficou claro para todos os brasileiros que são os muito ricos que menos pagam impostos por algumas questões, em especial porque aqui, no Brasil, não cobramos tributos sobre distribuição de lucros e dividendos”, disse. Ele exemplificou com o pagamento de impostos de um funcionário público que ganha R$ 5 mil com alguém que recebe R$ 200 mil a título de distribuição de lucros e dividendos: enquanto o primeiro paga 27,5% em tributos, o segundo não paga nada.
Os outros dois pontos defendidos pelo senador é avançar na democratização dos meios de comunicação, enquanto o terceiro aspecto é uma proposta suprapartidária de convocação de uma Constituinte exclusiva para a reforma política.
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