ataque às mulheres

Crueldade sem fim: Bolsonaro transforma Outubro Rosa em trevas

Corte de quase metade do Orçamento destinado ao combate ao câncer mancha a campanha de conscientização
Crueldade sem fim: Bolsonaro transforma Outubro Rosa em trevas

Foto: Divulgação

Já faz 20 anos que o mês de outubro protagoniza uma das mais importantes campanhas de conscientização do país para prevenir e combater o câncer de mama, tipo que mais atinge as mulheres (30% dos casos). Este ano, porém, o Outubro Rosa foi manchado pelo governo Bolsonaro, em mais um ataque cruel contra as brasileiras. O presidente cortou 45% do dinheiro do Orçamento destinado para o combate ao câncer — reduzindo de R$ 175 milhões para apenas R$ 97 milhões, em 2023. A bancada do PT no Senado reagiu com indignação.

“Bolsonaro odeia tanta mulheres que conseguiu realizar a crueldade de cortar verbas para prevenção e controle do câncer de mama em pleno ‘Outubro Rosa’. Não há qualquer sensibilidade neste governo, muito menos preocupação com o povo”, afirmou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “Já esperávamos mais crueldades após ele cortar verbas para a compra de absorventes para pessoas de baixa renda. No andar da carruagem, acabará cortando qualquer ação voltada para as mulheres para beneficiar os seus homens no orçamento secreto”, apontou.

O corte aconteceu junto com o bloqueio de R$ 3,3 bilhões da Saúde, recursos desviados para completar os R$ 19 bilhões do orçamento secreto, composto de emendas secretas de bolsonaristas no Congresso, muitas sob suspeita. Uma delas, por exemplo, seria usada para extração de dentes em uma pequena cidade do Maranhão, mas os recursos seriam suficientes para arrancar 14 dentes de cada morador local, o que acendeu um alerta nos órgãos de fiscalização.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), que é médico e foi ministro da Saúde de Lula no tempo da criação do Samu e do Farmácia Popular, entre outros programas exitosos, um governo federal sério e zeloso teria ampliado os recursos para o combate ao câncer e outras áreas da saúde em razão da prioridade dada ao combate à pandemia de Covid-19.

“A pandemia deixou o Brasil com um enorme passivo de cirurgias que os hospitais não puderam atender no período por conta das restrições sanitárias. Muitas delas de pessoas com câncer. Este seria o momento de dotar o SUS de todo o seu potencial para zerar filas e salvar vidas”, explicou. “Em vez disso, Bolsonaro corta o orçamento para a área de prevenção e combate ao câncer em cerca de 50%. E em um mês especialmente simbólico para as mulheres, em razão do Outubro Rosa. É um governo vocacionado a matar os brasileiros, uma necropolítica em larga escala”, declarou o senador.

Os cortes atingiram quatro áreas consideradas estratégicas do Ministério da Saúde: a Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas – Oncologia, a Rede Cegonha, a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) e a Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência. O corte inviabiliza, por exemplo, a reforma e a compra de equipamentos para centros de referência em oncologia, laboratórios e serviços para diagnóstico do câncer de mama e do colo de útero, maternidades, bancos de leite humano, UTIs neonatais, hospitais psiquiátricos, centros de reabilitação, oficinas ortopédicas, entre outros.

Com o PT, setor foi prioridade

Os números de mamografias do DataSus demonstram o tamanho do descaso do atual governo com a saúde, em especial com a prevenção ao câncer de mama. De 2019 para cá, houve uma redução drástica no número desse tipo de exame, essencial para diagnosticar a doença e aumentar as chances de cura. De uma média anual de 4,5 milhões até 2017, o número caiu para 2,5 milhões em 2020, o que poderia se justificar por ter sido o primeiro ano da pandemia. Subiu um pouco em 2021, mas em 2022, quando a doença está mais controlada com a vacinação em massa, o número deve ficar abaixo do ano passado. O corte de recursos indica que, para o ano que vem, o drama vai se repetir.

Para se ter uma ideia do que é possível fazer com um governo federal responsável, vale resgatar os números registrados entre 2010 e 2014, governos Lula e Dilma, quando aconteceu o inverso do que agora: os recursos para combate ao câncer foram 45% maiores que o período anterior. Com isso, o número de mamografias aumentou em quase 62%.

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