Pacote de Maldades

Governo derrotado suspende “bondade” eleitoreira

Após emprestar mais de R$ 4 bilhões até a eleição, Caixa Econômica Federal muda regras e passa a negar crédito consignado para beneficiários do Auxílio-Brasil, expondo seu viés eleitoreiro
Governo derrotado suspende “bondade” eleitoreira

Foto: Agência Brasil

Mais uma prova do jogo sujo eleitoral praticado pelo presidente derrotado Bolsonaro vem à tona. Passada a eleição, a Caixa Econômica Federal suspendeu a concessão de crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. O PT e toda a oposição sempre denunciaram o caráter eleitoreiro da medida, além de irresponsável, por comprometer ainda mais a renda das famílias mais pobres.

“A cada dia, mais provas se acumulam do uso eleitoral da máquina pública em 2022. Vínhamos denunciando constantemente esse abuso. Foi só acabar o pleito e pararam com os consignados. Há muita coisa que precisa ser explicada nessa gestão. Temos agora mais um exemplo”, disparou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).

Para a senadora eleita Teresa Leitão (PT-PE) também vinculou a suspensão ao processo eleitoral. “Como já havíamos alertado, a Caixa foi descaradamente usada com fins eleitorais. Acabou a eleição, acabou a “bondade” de Bozo & Guedes”, escreveu em suas redes sociais.

O consignado do auxílio fez parte do chamado pacote de “bondades” com o qual o presidente derrotado tentou comprar o eleitorado do país se utilizando dinheiro público. Mesmo sendo historicamente contra qualquer medida que beneficie o povo mais carente, Bolsonaro se viu pressionado diante do péssimo desempenho nas pesquisas eleitorais.

Por isso, além do consignado, foi aprovado o aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil (só até dezembro), a redução forçada do preço dos combustíveis (que já voltou a subir), o aumento do vale-gás (iniciativa do PT), vale-combustível para caminhoneiros e taxistas (só até dezembro), antecipação do pagamento de benefícios para antes das eleições, crédito habitacional para policiais e microcrédito social, entre outras ações claramente eleitoreiras.

De acordo com reportagem do UOL, a Caixa não anunciou oficialmente qualquer alteração nas regras para os consignados. No entanto, logo após a vitória de Lula, suspendeu os créditos sob o argumento de atualização do sistema.

Ao retomar as operações, 15 dias depois, a Caixa passou a impor novos requisitos para aprovar os créditos, dificultando a aprovação para beneficiários do Auxílio Brasil. Ou seja, passou a ser considerado o alto risco da operação, conforme apontou a maioria dos consultores econômicos desde que a medida foi proposta.

O consignado começou a ser contratado pela Caixa em 11 de outubro. Em 10 dias, foram liberados mais de R$ 4,3 bilhões, com parcelas de até 40% do benefício descontadas diretamente pelo banco no dia do pagamento, e com juros de até 50% ao ano, taxa muito superior a qualquer outro tipo de empréstimo consignado.

O resultado foi que muitas famílias se endividaram sem saber que, mesmo que percam o direito ao benefício ou ele seja reduzido após dezembro, a dívida contraída com a instituição financeira se manterá. Mesmo que o Auxílio Brasil seja extinto, as famílias que contraírem a dívida terão de honrar com as parcelas do consignado.

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