Violência: Brasil mantém taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes

Alagoas, Maranhão, Espírito Santo, Pará e Bahia são os estados com os piores índices de violência.

O relatório “Mortes Matadas por Armas de Fogo”, divulgado na última quarta-feira (07), informa que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010 no Brasil. O número é praticamente igual ao registrado em 2009, quando o levantamento apontou que 36.624 pessoas foram assassinadas. A pesquisa, feita pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, analisou as mortes por armas de fogo decorrentes de agressão intencional de terceiros (homicídios), autoprovocadas intencionalmente (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida, cuja característica comum foi à morte causada por arma de fogo.

O índice mantém o Brasil com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas confiáveis sobre o assunto.

Os cidadãos considerados jovens representam 67,1% dos mortos por arma de fogo. Os dados se referem ao período de 1980 a 2010 e revelam que, em 30 anos, um total de 799.226 pessoas morreram vítimas de armas de fogo. Desses, 450.255 mil eram jovens entre 15 e 29 anos de idade.

O levantamento relata que, entre 1980 e 2010, aproximadamente 800 mil pessoas morreram vítimas de arma de fogo. Em 1980, foram registradas 8710 vítimas, enquanto em 2010, foram verificadas 38892 mortes por disparos de armas de fogo.

Durante esse período, a população brasileira cresceu 60,3% e o índice de mortes por armas de fogo cresceu 346,5%. O crescimento desse tipo de morte foi puxado, quase em sua totalidade, pelos homicídios, que apresentaram aumento de 502,8% no período. Os suicídios cometidos com esse tipo de arma também subiram 46,8%. Já as mortes causadas por acidente no manuseio de arma de fogo caiu 8,8%.

Estados com maiores índices

Entre os estados brasileiros que apresentaram as de homicídios mais elevadas estão: Alagoas com 55,3, Espírito Santo com 39,4, Pará com 34,6, Bahia com 34,4 e Paraíba com 32,8. Pará, Alagoas, Bahia e a Paraíba estão entre os cinco estados também que mais sofreram com o aumento da violência na década. No Pará, o número de assassinatos aumentou 307,2%, Alagoas 215%, Bahia 195% e Paraíba 184,2%. Neste grupo está ainda o Maranhão com a disparada da matança em 282,2% entre o ano 2000 e 2010.

Número de mortes por arma de fogo apresenta declínio entre 2000 e 2010

O Rio de Janeiro aparece em 8º lugar no ranking dos estados mais violentos com uma taxa de 26,4 para cada grupo de 100 mil habitantes. O estudo mostra, no entanto, que o número de mortes por armas de fogo está em declínio. De 2000 a 2010, os assassinatos a tiros no Rio caíram 43,8%. Em São Paulo a queda foi ainda maior, 67,5%, e o estado viu a taxa de homicídio baixar 9,3%. O estado, que no início da década passada estava entre os seis mais violentos, aparece desta vez na 24º posição, atrás apenas de Santa Catarina, Roraima e Piauí.

Entre as capitais mais violentas estão Maceió, a primeira da lista com 94,5 homicídios por 100 mil habitantes. Logo depois vêm João Pessoa com taxa de 71,6, Vitória com 60,7, Salvador com 59,6 e Recife com 47,8. São taxas bem acima da média nacional, 20,4, e dos níveis considerados toleráveis pela ONU, que giram em torno de 10 homicídios por 100 mil. Com uma taxa de 23,5, o Rio aparece em 19º lugar na lista. A cidade de São Paulo apresentou taxa de 10,4 e está na 25ª colocação.

Para Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência 2013, a declarada priorização da segurança pública por governadores e iniciativas do Governo Federal tais como a campanha do desarmamento ainda se mostram insuficientes para forçar a queda dos índices de violência na primeira década do século XXI.

Do ano início do ano 2000, segunda metade do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, até o fim do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 2010, foi registrada uma taxa de aproximadamente 20 homicídios com armas de fogo por 100 mil habitantes. “Não tenho elementos para julgar a correção das políticas de segurança. Mas se está havendo alto índice de violência, nossas políticas não são suficientes”, comenta Jacobo.

Tendências da criminalidade

O estudo confirma ainda a “nacionalização” dos homicídios e duas diferentes tendências da violência. O número de assassinatos a tiros tem aumentado em áreas tradicionalmente hospitaleiras do Norte e do Nordeste e diminuído no Sudeste, a partir de avanços registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Dos cinco estados mais violentos do País em 2010, três estão na região Nordeste: Alagoas, Bahia e Paraíba. Quatro das cinco cidades com os piores dados estão no litoral da região: Maceió, João Pessoa, Salvador e Recife.

Para Jacobo, a escalada da violência em cidades e estados do Nordeste não significa que está havendo uma “nordestinização” da matança. Para ele, o que está havendo é a expansão em âmbito nacional da criminalidade. As mortes violentas, que antes de concentravam em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio, estão se espalhando pelo Brasil. O movimento acompanharia a desconcentração industrial e os deslocamentos populacionais ligados às atividades econômicas.

Santa Catarina sofreu aumento de homicídios de 44,5% na década, embora ainda permanece com taxa de 8,5 homicídios por grupos de 100 mil. O Distrito Federal, com uma taxa de 25,3 por 100 mil, está em 9º lugar no ranking de assassinatos com armas de fogo. O Mapa da Violência apresenta o ranking de homicídios das cidades com mais de 20 mil habitantes.

Cidades com índices mais elevados

Entre as cinco cidades mais perigosas do País estão: Simões Filho, na Bahia, com taxa de 141,5 homicídios por 100 mil habitantes; Campina Grande do Sul, no Paraná, com 107,0, Lauro de Freitas (BA) com 106,6, Guaíra com 103,9, e Maceió com 91,6.

Pelo estudo, 70% dos homicídios são cometidos com armas de fogo. Uma explicação seria a disseminação da cultura da violência. Segundo o pesquisador, muitos homicídios resultam dos chamados conflitos de proximidade. São desentendimentos em que uma das partes, ao invés de tentar eliminar o conflito, mata o oponente.

Conheça a íntegra da publicação “Mapa da Violência 2013”

 

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