Depois de ter alcançado resultados extraordinários no combate à desnutrição infantil, o Brasil volta a registrar um número cada vez maior de crianças e adolescentes com o peso e a altura abaixo do ideal. Após cair consistentemente a partir de 2004, a desnutrição na faixa etária de 0 a 19 anos voltou a subir em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
Em 2018, ela estava em 4,8%. No ano passado, chegou a 5,3%, segundo dados do Instituto Desiderata. Quando se olha para a população negra, a tragédia é bem maior. Entre as crianças pretas e pardas, o índice de desnutrição na mesma faixa etária atinge 7,4%.
Entre as crianças mais novas, o cenário também é desolador. Levantamento da Fundação Abrinq mostra que, hoje, no país, existem 538.273 meninos e meninas de 0 a 5 anos com desnutrição crônica (abaixo do peso) e outros 196.979 com desnutrição grave, totalizando mais de 700 mil.
Esses são dados que mostram o preço que a população mais pobre paga pelo desmonte das políticas de segurança alimentar feito por Bolsonaro.
A extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), o congelamento do salário mínimo, a falta de apoio à agricultura familiar, o fim dos estoques de alimentos, entre outras políticas de destruição, levaram o Brasil de volta ao Mapa da Fome. E quem mais sofre são os pequenos.