Os brasileiros estão mais endividados do que nunca. Cerca de 40% da população em idade adulta está com o nome negativado nos serviços de proteção ao crédito. E nada menos que 77,9% das famílias estão com dívidas atrasadas, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É um recorde, e também uma bola de neve. De um ano para outro, 2022 registrou aumento de 7% no número de casas em que sobram boletos e falta dinheiro.
Parte do problema começou na pandemia, com retração nos empregos. Passado o pior da crise sanitária, houve uma corrida por crédito, num momento de juros nas alturas. Em meio à carestia e ao desemprego em alta, o governo anterior não cuidou de reduzir a tragédia do endividamento. Ao contrário: armou uma cilada para os mais pobres, ao abrir crédito consignado a beneficiados pelo Auxílio Brasil.
Promessa de campanha do presidente Lula, o Desenrola, programa de renegociação de dívidas, deve ser anunciado nos próximos dias. É o que afirmou nesta semana o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responsável pelo assunto.
“Temos 70 milhões de CPFs negativados, se não desatarmos esse nó de alto endividamento no pós-pandemia, não vamos reestruturar a vida dessas famílias”, justificou o ministro.
E a prioridade é para quem ganha até 2 salários mínimos, ou R$ 2,6 mil. Essa parcela da população deverá contar com um fundo garantidor público para a renegociação das dívidas. Já para as faixas mais altas o refinanciamento deve ser feito pelo sistema financeiro, dentro de uma campanha nacional de combate à inadimplência.
Os detalhes do projeto serão conhecidos em breve. Variáveis como bônus de adimplência para bons pagadores são discutidas pela equipe do ministro com representantes da Caixa e do Banco do Brasil. Também é possível que parte do projeto tenha que passar pelo Congresso em razão de mudanças legais, afirmou a presidenta da Caixa, Rita Serrano. Os dois bancos públicos estão no centro do programa que recoloca o pobre no orçamento – como sempre acentua o presidente – e tentar fazer o brasileiro voltar a dormir bem.
“Tá chegando o Desenrola! É o povo pobre desse país voltando a ser prioridade”, comemorou o senador Humberto Costa (PT-PE). Também de Pernambuco, a colega de bancada Teresa Leitão demonstrou confiança no trabalho de Fernando Haddad e sua equipe econômica.
“Agora o Brasil conta com o time competente e tem um projeto consistente para fazer o país voltar a crescer com mais justiça social”, apostou a senadora.