Para Eugênio Aragão, governo golpista desconhece negociações que estavam sendo feitas, pois estão ocupados justificando o golpe para o mundoO presidente provisório Michel Temer e seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, suspenderam as negociações que o governo brasileiro mantinha com a União Europeia para receber famílias desalojadas pela guerra civil na Síria. As informações foram divulgadas na última sexta-feira (17), pela ‘BBC Brasil’.
As negociações, feitas na gestão de Eugênio Aragão no Ministério da Justiça do governo da presidenta eleita Dilma Rousseff, buscavam recursos internacionais para alojar no Brasil cerca de 100 mil pessoas que fugiram do conflito.
“Conversamos com o embaixador da Alemanha, com a delegação da União Europeia e com o ACNUR, a agência da ONU para Refugiados, construindo um consenso para receber 100 mil sírios em até cinco anos. Estávamos construindo a agenda”, enfatiza Aragão.
A suspensão faz parte do decreto de Alexandre de Moraes, publicado na última segunda-feira (13), que paralisa por 90 dias a realização de atos do Ministério da Justiça, com exceção das áreas policiais e de repressão.
O ministro do governo Dilma ressalta que os golpistas “nem sabiam” das negociações, “até porque não fizemos transição com o ministro do governo golpista”. Aragão explica o porquê: “Com esses tipos não há conversa. Só temos um objetivo: fazê-los voltar para onde vieram. Fora do governo”.
Segundo ele, a política externa brasileira, com os golpistas, “anda ocupada demais em justificar o golpe para o mundo e nada mais”.
“O Estado está paralisado e não há boa vontade com esse tipo de agenda, a não ser que haja pressão da Europa e dos EUA nesse sentido”, completa.
O Partido dos Trabalhadores também repudia a decisão dos golpistas de não mais acolher refugiados sírios no País.
Em nota, a Secretaria de Relações Internacionais da legenda considera a atitude reacionária, arbitrária, xenófoba e de desrespeito às normas elementares de Direitos Humanos.
O PT lembra que a receptividade aos imigrantes e, em particular, aos refugiados de guerras, perseguições políticas e desastres naturais era uma das melhores tradições da Política Externa do Brasil.
“É inaceitável que neste momento da conjuntura internacional quando o respeito aos Direitos Humanos, particularmente em relação ao refúgio de cidadãos dos países do Oriente Médio, se tornou uma das maiores necessidades da humanidade, o governo brasileiro se recusa a receber uma quota significativa de refugiados sírios que, além de tudo, tem todas as possibilidades de adaptação normal no Brasil em função de já possuirmos uma larga e importante comunidade com esta origem desde o século XIX”, diz a nota.
Com informações da Agência PT de Notícias
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