Comida mais cara

Com explosão do custo de vida, Bolsonaro traz a fome de volta

O IPCA-15 mostra que alimentação e bebida já acumula alta de 5,78% de janeiro até agosto. Nesse período, o arroz já subiu mais de 16% em média, mas atingindo 20% em diversas regiões. Ao mesmo tempo, o governo reajustou o salário mínimo para 2021 em apenas 2% e reduziu o Auxílio Emergencial pela metade
Com explosão do custo de vida, Bolsonaro traz a fome de volta

Agência Brasil

Um pacote de cinco quilos de arroz já está custando até R$ 40 em supermercados das capitais brasileiras e, segundo o setor, o preço deve continuar em alta. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/ USP, o arroz subiu 100% nos últimos 12 meses. O arroz, no entanto, é apenas um dos produtos responsáveis pelo aumento do custo de vida que já inferniza a vida dos brasileiros.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), classificou como “absurda” a disparada do preço do quilo de arroz, integrante da cesta básica. “O povo desempregado e a cesta básica mais cara. Na época do Lula, o povo tinha emprego, carrinho cheio e perspectiva de futuro. Agora, o carrinho vazio, desemprego e um futuro sem perspectiva”, destacou o senador.

O IPCA-15 mostra que alimentação e bebida já acumula alta de 5,78% de janeiro até agosto. Nesse período, o arroz já subiu mais de 16% em média, mas atingindo 20% em diversas regiões. A situação é resultado da redução da oferta interna, ou seja, queda das importações em razão do dólar elevado e aumento das exportações.

Levantamento do Dieese reforça o descontrole dos preços de alimentos no país. Divulgado na sexta-feira (4), o relatório mostra que os alimentos básicos do dia a dia registraram aumento muito acima da inflação. No atacado, subiram 15,02% em 12 meses, até agosto. E para o mesmo período, no varejo, houve alta de 8,5%.

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Paulo Paim (PT-RS), uma reforma tributária progressiva pode ajudar a desonerar os produtos de primeira necessidade: “o País está horrorizado com a alta dos preços da cesta básica, da luz, do gás, dos combustíveis. Em 12 meses, a cesta básica teve um aumento de quase 25%. É preciso uma reforma tributária progressiva, que desonere os produtos de primeira necessidade, que não penalize os pobres”.

Salário mínimo pequeno e auxílio emergencial reduzido

Enquanto isso, para piorar a situação, o governo reajustou o salário mínimo para 2021 em cerca de apenas 2%. De acordo com o IBGE, a massa salarial dos trabalhadores brasileiros caiu 15% em um ano, o maior tombo já registrado pelo IBGE em toda a série de pesquisas. Não bastasse o arrocho dos salários, o governo também reduziu o Auxílio Emergencial para R$ 300,00, metade dos R$ 600,00 inicialmente aprovados pelo Congresso.

Diante da situação, o presidente Bolsonaro se limita a fazer discursos demagógicos em lives nas redes sociais. “Estamos conversando, estou pedindo um sacrifício, um patriotismo, para os grandes donos de supermercados, para manter o preço na menor margem de lucro”, disse Bolsonaro na semana passada. Sem qualquer efeito prático, o apelo é um reconhecimento de que a situação está fora do controle.

Opção pelo agronegócio

O aumento dos preços de alimentos é resultado da opção do governo pelo agronegócio e pela monocultura, em detrimento da agricultura familiar. A política voltada apenas para os grandes proprietários limita a produção de grãos e de alimentos. A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos no país. A consequência é a alta no preço os produtos da cesta básica.

Em agosto, Bolsonaro vetou, quase integralmente, a proposta que prevê um auxílio financeiro aos agricultores durante a pandemia de Covid-19. O recurso seria repassado para os produtores que não receberam o auxílio emergencial. No total, seriam cinco parcelas de R$ 600, ou seja, R$ 3 mil. Os senadores do PT trabalham para derrubar o veto no Congresso Nacional.

De janeiro a julho, por exemplo, os preços do feijão fradinho, feijão preto, mulatinho e rajado, cresceram, respectivamente, 72, 64, 43 e 36 vezes acima do IPCA geral. Os do arroz, 41 vezes acima; batata 29 vezes e farinha de mandioca, 24 vezes.  A absurda elevação dos preços afasta a maioria dos produtos da mesa dos mais pobres. Depois que os governos petistas tiraram o Brasil do Mapa da Fome, Bolsonaro está trazendo a fome de volta ao país.

A inércia do governo frente ao aumento do custo de vida não se verifica em outros setores da economia, especialmente o setor financeiro. Recentemente, o ministro Paulo Guedes autorizou a transferência de R$ 325 bilhões para os bancos, em nome da instabilidade do setor. Um recurso que poderia ser melhor utilizado para pagar o Auxílio Emergencial até o final do ano.

Com informações da Agência PT de Notícias e Rede Brasil Atual

 

 

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