Duas das principais pastas do governo Lula terão à frente senadores da bancada do PT. Empossados ministros no próprio domingo (1º), primeiro dia da nova gestão, eles assumem o mandato em fevereiro e em seguida se licenciam para comandar os ministérios do Desenvolvimento Social e de Educação.
Eleito pelo Piauí, Wellington Dias foi governador do Estado por quatro mandatos. É a segunda vez que ele se elege senador, cargo que já ocupou entre 2011 e 2014, após o segundo período à frente do governo. Como destacou ao assumir a função, sua missão é acabar novamente com a extrema-pobreza no país, que voltou ao vergonhoso Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) após ter conseguido sair em 2014, graças aos governos Lula e Dilma.
Assim como Wellington, Camilo Santana foi eleito senador depois de exercer o cargo de governador — no caso dele, o Ceará, por duas gestões. Agora, é o novo ministro da Educação do país, onde pretende implantar uma visão sistêmica do setor, da creche à pós-graduação, num grande pacto federativo envolvendo União, estados e municípios.
Trabalho integrado
O fato de ambos não atuarem como senadores não vai impedir que trabalhem de forma integrada, conforme salientou Wellington Dias, que apontou uma sequência de ações que vai além do combate à fome para garantir também um futuro melhor para todas as famílias.
“Agora é a vez de sua excelência, o povo”, anunciou o ministro, responsável pela retomada do programa Bolsa Família em seu formato original. A prioridade, disse, é o combate à fome, colocar os pobres no orçamento, “não deixar ninguém para trás, dar a mão a quem precisa e ninguém largar a mão de ninguém”.
Mas não só isso. “Como já disse o presidente Lula, a gente vai começar fazendo as coisas possíveis. Daqui a pouco, a gente vai estar fazendo as impossíveis. É claro que a fome é o principal, mas nós estamos querendo dignidade”, acrescentou, ao adiantar a intersecção com a pasta do colega senador: “De todas as coisas que a gente pode fazer no governo, a educação é o grande alicerce, é uma riqueza que ninguém tira. Por isso o MDS vai estar integrado com todos os ministérios, em especial o da Educação, e não vamos deixar ninguém na idade de estudar sem matricular, sem frequentar aula, sem aprender na idade certa, sem ter um ofício”.
Para tanto, uma das principais medidas deste início de gestão será uma atualização do Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada para o acesso a qualquer programa social do governo federal, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Farmácia Popular. Além disso, Wellinton Dias pretende promover a integração do Ministério com outras áreas do governo para garantir a inclusão sócio-econômica da população.
“Vamos garantir as condições e o apoio para o emprego e para o empreendedorismo. Sabemos a importância de não apenas dar a mão para que as pessoas tenham oportunidade de sair da miséria e da pobreza, mas a missão é fazer crescer a classe média, como ja fizemos, quando chegamos em 2014 a 54% da população economicamente ativa na classe média, desafio que traz estabilidade e fortalecimento da própria democracia”, afirmou.
Resgate da educação
De forma semelhante, Camilo Santana destacou o que pretende fazer para resgatar a educação do país. “Vivemos recentemente tempos muito sombrios onde o Brasil foi violentamente negligenciado nas mais importantes áreas, e a educação foi uma das mais atingidas. O que é mais valioso para qualquer Nação se desenvolver foi tratado como subproduto, trazendo prejuízos imensuráveis para milhões de crianças e jovens desse país”, lamentou, ao citar que o governo anterior agravou ainda mais ao desprezar o setor quando ele mais precisou, em razão da pandemia.
“Resultado disso é que mais de 650 mil crianças de até 5 anos abandonarem a escola nos últimos 3 anos, período em que cresceu 66% o número de crianças de 6 a 7 anos que não sabe ler nem escrever na idade certa. “São dados alarmantes que impõe prioridade absoluta para garantir alfabetização de todas as crianças na idade certa e assegurar que tenham condições para que possam aprender os conteúdos de cada ano”, afirmou.
Para isso, o novo ministro defendeu a recuperação “de uma visão sistêmica da educação, que vai da creche à pós-graduação”, em regime de colaboração com estados e municípios, “em um grande pacto federativo pela educação”.
Segundo ele, esse trabalho permanente de parceria entre governo estadual e prefeituras no Ceará levou o Estado ao primeiro lugar nacional nas avaliações de estudantes das séries finais do ensino fundamental e em segundo nas séries iniciais. “Das 100 melhores escolas públicas do país, do 1º ao 5º ano, 87 são do Ceará, e do 6º ao 9º ano, 70 são cearenses”, celebrou. “O que precisamos agora é ampliar essa experiência para todos os estados”.
Além disso, Camilo Santana colocou como prioridades o ensino em tempo integral, “uma das mais importantes políticas de prevenção social”, garantir todos os alunos nas escolas, ampliar o acesso de alunos e professores a tecnologia e conexão à internet, retomar obras paradas de creches e escolas, recuperar a qualidade da merenda das escolas públicas e voltar a valorizar as universidades.
“Precisamos fortalecer o ensino superior, tão maltratado nos últimos anos, e reforçar o orçamento da universidades, que foram sucateadas pelo último governo por uma visão equivocada, distorcida, de viés ideológico. Vamos construir juntos um novo Plano Nacional de Educação, que seja um projeto de Estado, não plano de um governo, com uma visão sistêmica e integrada da educação”, concluiu.