Ainda menina, no campo, onde os pais e os onze irmãos trabalhavam numa terra que sequer era sua, a menina Maria Regina viu crescer as Ligas Camponesas. A consciência política, despertada por um tio que atuava no movimento, se consolidou e acompanhou toda a trajetória de vida da mulher forte, de 64 anos, que dedica seus dias a defender direitos que considera fundamentais, como o acesso à educação, a defesa dos direitos humanos, a justiça social e a atenção com o meio ambiente.
Aos catorze anos, a menina pegou a estrada pela primeira vez, para desbravar o mundo. Deixou o campo da cidade de União, no noroeste piauiense, às margens do rio Parnaíba, na fronteira com o estado do Maranhão, com cerca de 43 mil habitantes, em busca de uma escola melhor. Foi para Parnaíba, no litoral piauiense, segunda maior cidade do estado. Maria Regina seguia o mesmo rumo dos irmãos, obedecendo à orientação paterna de garantir educação para a criançada.
Na universidade, ela descobriu o movimento estudantil em plena ditadura militar, dando início ao seu processo de consciência política. Anos depois, já formada em Letras, tornou-se professora, primeiro do ensino fundamental, depois no ensino médio e na universidade, nas áreas de Língua Portuguesa e Francesa.
Nos anos 80, já funcionária do Banco do Brasil, mergulhou na atividade sindical, onde conheceu seu grande parceiro político, Wellington Dias. Foi, presidenta do sindicato e começou a organizar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado. Mais tarde, foi dirigente da CUT Nacional
Sempre ao lado de Wellington, tornou-se presidenta do PT e coordenou as campanhas do amigo até tornar-se secretária de administração do governo do Piauí.
Ela gosta de se definir como uma militante mais executiva do que parlamentar. “Nunca fui candidata a cargo Legislativo”, conta. Ela diz também que gosta de atuar nos bastidores e que nunca ficou sob os holofotes. “Não tenho experiência parlamentar”, admite.
Na semana que vem, a futura senadora pretende visitar seu novo “posto de serviço”. Virá a Brasília para começar a se familiarizar com a nova função. Mas, dedicada à função que vai ocupar a partir do próximo ano, já se dedica ao estudo diário do Regimento – que é uma espécie de manual de como funciona o Senado e o Poder Legislativo.
Regina garante que não vai se afastar da militância e que não pretende abdicar da tarefa de sua vida: percorrer o estado conversando com as pessoas, conhecendo de perto suas necessidades e acompanhando o crescimento de cada um.
A bancada pode esperar por uma mulher atuante, decidida, valente. Essa é a garantia dada pelo seu velho parceiro de luta que deixa o Senado para ser governador do estado do Piauí.