Apesar de contestadas por setores da mídia e pelos importadores de veículos, que se manifestaram contra a medida do governo mais por ideologia do que a avaliação real de seus efeitos na economia, a recente decisão do governo federal de elevar o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para montadoras com baixo índice de nacionalização já pode ser aferida em números. A elevação de 30% no IPI para carros com menos de 65% de componentes produzidos no Brasil começará a ser recolhida em dezembro próximo, de acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas, segundo estima a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), irá gerar investimentos imediatos de cerca de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões, numa perspectiva que deverá carrear para o País cerca de US$ 21 bilhões até 2014. Além das montadoras, projeta-se, ainda, que a indústria nacional de autopeças invista mais US$ 2 bilhões para elevar a produção – e manter o emprego, um dos principais motivos das medidas do governo.
A elevação do IPI foi decidida no bojo de um amplo acordo entre o setor e o Ministério da Fazenda. Por conta disso, os preços dos carros novos não estão subindo em patamares acima da inflação.
Mercado interno
Outro efeito notável da elevação do IPI foi a interrupção da tendência de crescimento a altas taxas da importação de veículos. Até a edição da medida, o Brasil importava mais de 70 mil carros por mês, ou cerca de 23% dos carros vendidos no País, com a perspectiva de alcançar os 30% do mercado em curto espaço de tempo – “volume que iria ocupar todo o aumento de demanda, levando a possível reação das empresa de reduzir sua programação de investimentos no Brasil”, acrescenta o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Para a Fazenda, os impactos da medida vão garantir a manutenção e a geração de novos empregos no Brasil, num momento em que o mercado automotivo mundial está atrofiado. Mesmo a montadora que anunciou um Programa de Demissão Voluntária (PDV), demonstrou à Fazenda que fazia contratação em outras fábricas. “Demitiu para fazer uma acomodação regional, mas no conjunto terá gerado mais empregos neste ano que em 2010”, diz o ministro.
(Com informações do Em Questão)