Com números, Graça Foster fundamenta compra de Pasadena

Com números, Graça Foster fundamenta compra de Pasadena

Presidenta da Petrobras desmente afirmação de que Astra havia comprado a refinaria por apenas US$ 42 milhões

Graça: “um bom projeto no início que se
transformou num projeto de baixa
probabilidade de retorno”

Em apresentação durante audiência pública no Senado Federal, na manhã desta terça-feira, 15, a presidenta da Petrobras, Graça Foster, divulgou informações que fundamentaram a decisão da empresa de investir na compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos – veja arquivo. Por meio do resgate dos dados que na época contextualizaram o negócio, a principal executiva da maior empresa do País mostrou que todo o processo esteve em sintonia com a lei e com as regras de mercado e seguiu conforme as circunstâncias do momento, respeitando inclusive pareceres de consultorias independentes.

O cenário que apontava para uma oportunidade de aproveitamento, no principal mercado consumidor mundial, do petróleo pesado produzido no Brasil, matéria-prima que requer infraestrutura específica para processamento, acabou por se revelar, na realidade, não tão promissor. Isso muito em função de inesperada mudança na economia mundial. “Foi um bom projeto no início que transformou num projeto de baixa probabilidade de retorno”, esclareceu a presidente. Graça também teve a oportunidade de informar aos senadores sobre os reais e verdadeiros valores da transação, feita há quase oito anos, em setembro 2006.

Várias informações falsas sobre a compra da refinaria nos EUA foram corrigidas. A principal delas, que a mídia e a oposição vêm repetindo é a de que a belga Astra havia comprado a refinaria por apenas US$ 42,5 milhões para, três anos depois, vender as mesmas instalações para a Petrobras por US$ 1,058 bilhão. “A Astra pagou à Crown (proprietária anterior), muito mais do que US$ 42,5 milhões. Temos aqui que a Astra pagou no mínimo US$ 360 milhões por 100% da refinaria. Nós pagamos US$ 885 milhões e a Astra pagou US$ 360 milhões de dólares no mínimo. Fora isso houve juros e honorários nesse processo que caminho até 2012”, esclareceu Graça

Em 2008, dois anos depois da compra pela Petrobras, ante um quadro econômico de crise nos Estados Unidos e na Europa, com comprometimento da credibilidade das agências de risco e quebras de instituições financeiras, com retração a concessão de crédito e no consumo, o que seria alta rentabilidade passou a ser baixa probabilidade de retorno, como a própria Graça Foster descreveu. “Estávamos na véspera da surpresa mundial e, no Fórum Econômico de Davos, com a presença de dezenas de empresas, não foi possível prever essa crise”, disse a presidente da Petrobras para usar como argumento o risco que é inerente a qualquer negócio.

A Petrobras, a fim de melhor orientar a complexa decisão sobre a compra da refinaria que se mostrava importante para o aproveitamento do petróleo produzido no Brasil, buscou subsídios em duas empresas de renome internacional, a McKinsey&Company e a Cera. “Essas duas consultorias colocaram efetivas oportunidades de operar no Golfo do México”, explicou Graça. A primeira, em 2004, apontava para oportunidades de aquisição de refinarias nessa região a fim de monetizar o óleo pesado brasileiro. E a segunda, no ano seguinte, indicava para uma forte pressão de demanda sobre o mercado de petróleo, muito em função do crescimento superior a dois dígitos do produto interno bruto chinês.

As novas condições no cenário internacional, que impactaram profundamente a rentabilidade das empresas petrolíferas do mundo inteiro, forçaram a Petrobras a buscar negociação com sua parceira no empreendimento em Pasadena. “Tivemos da Astra que eles estariam exercendo clausula put option de saída e nós assumimos em outubro de 2008, com grandes margens e integralidade das ações da empresa”, resgatou a presidente. “Em seguida, em 2009,2010 e 2011, vimos um vale, as margens (de rentabilidade) desceram. Diversas refinarias fecharam, e o consumo de gasolina, que é o que Pasadena produz, caiu de 9,5 milhoes para 8,5 milhoes.”

Hoje, apesar da mudança de perspectiva que alterou a compreensão sobre o negócio fechado em 2006, a Petrobras mantém a refinaria em Pasadena em pleno funcionamento, assim como outras unidades que mantém na Argentina e no Japão. A refinaria dos Estados Unidos é vizinha às instalações de empresas multinacionais do setor petrolífero, o que, por si só, justifica a manutenção do empreendimento no principal mercado consumidor de energia do mundo. “O maior valor pago por Petrobras foi o conhecimento que o grupo Astra  tinha na região, os clientes, a infraestrutura, você tem que estar no ambiente e quem estava com maior rentabilidade era o grupo Astra”, argumentou a presidente.

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