No texto, o senador acriano justifica a escolha como uma forma do Senado reconhecer, de maneira permanente, “o valor desse grande brasileiro”. A mesma linha foi seguida pelo relator do projeto, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que enfatizou que a luta deflagrada pelo ambientalista, que tem levado à criação de políticas públicas consistentes, “é sem dúvida pertinente, oportuna, justa e meritória a iniciativa”.
A escolha do nome de Chico remete às atribuições da CMA, que inclui, entre outras, opinar sobre a proteção do meio ambiente, bem como a preservação, conservação, exploração e manejo de florestas e da biodiversidade. “Tais assuntos estiveram visceralmente ligados à luta do ambientalista Francisco Alves Mendes Filho, conhecido mundialmente como Chico Mendes”, diz Aníbal, na justificativa da matéria.
Chico Mendes nasceu no município de Xapuri (AC). Foi seringueiro e sindicalista, tendo dedicado a sua vida à causa do meio ambiente. Por causa dela, foi assassinado, em dezembro de 1988. Devido à intensa luta pela causa da preservação da Amazônia, sofreu diversas ameaças, chegando até mesmo a procurar proteção policial, mas as denúncias nunca chegaram a receber a devida atenção das autoridades da época. Os responsáveis por sua morte, dois fazendeiros, foram condenados pela justiça dois anos depois.
O seringueiro mudou o paradigma do ambientalismo internacional, ao tornar-se líder de um movimento de resistência pacífica. Ele organizou os trabalhadores da região amazônica para protegerem o ambiente, suas casas e famílias contra a violência e a destruição promovida pelos fazendeiros, ganhando apoio internacional. Foi o idealizador do conceito de “reserva extrativista”, no qual a população tradicional que habitava a floresta teria o direito de manter seu modo de vida de coleta sustentável dos produtos florestais.
Diversos movimentos e organizações em todo o mundo se inspiraram nos exemplos de Chico. Em 1987, recebeu a visita de membros da Organização das Nações Unidas (ONU), em Xapuri, quando teve a oportunidade de mostrar-lhes a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros, ambas causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, ele levou essas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um dos bancos financiadores. Em decorrência disso, os financiamentos a esses projetos foram suspensos.
Desde sua morte, muitas homenagens foram feitas ao líder ambientalista, entre elas a denominação de Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade à autarquia hoje responsável pela gestão das unidades de conservação federais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Carlos Mota