Comissão aprova nomear plenário como “Chico Mendes”

Proposta do senador Aníbal Diniz (PT-AC) segue agora para a decisão final da Comissão Diretora da CasaChico Mendes, um dos mais influentes ambientalistas de sua época, está próximo dar seu nome ao plenário da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal. A proposta (Projeto de Resolução nº 1/2014), do senador Aníbal Diniz (PT-AC), foi aprovada nesta terça-feira (11) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O projeto segue agora para a decisão final da Comissão Diretora da Casa.

No texto, o senador acriano justifica a escolha como uma forma do Senado reconhecer, de maneira permanente, “o valor desse grande brasileiro”. A mesma linha foi seguida pelo relator do projeto, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que enfatizou que a luta deflagrada pelo ambientalista, que tem levado à criação de políticas públicas consistentes, “é sem dúvida pertinente, oportuna, justa e meritória a iniciativa”.

 

A escolha do nome de Chico remete às atribuições da CMA, que inclui, entre outras, opinar sobre a proteção do meio ambiente, bem como a preservação, conservação, exploração e manejo de florestas e da biodiversidade. “Tais assuntos estiveram visceralmente ligados à luta do ambientalista Francisco Alves Mendes Filho, conhecido mundialmente como Chico Mendes”, diz Aníbal, na justificativa da matéria.

 

Chico Mendes nasceu no município de Xapuri (AC). Foi seringueiro e sindicalista, tendo dedicado a sua vida à causa do meio ambiente. Por causa dela, foi assassinado, em dezembro de 1988. Devido à intensa luta pela causa da preservação da Amazônia, sofreu diversas ameaças, chegando até mesmo a procurar proteção policial, mas as denúncias nunca chegaram a receber a devida atenção das autoridades da época. Os responsáveis por sua morte, dois fazendeiros, foram condenados pela justiça dois anos depois.

 

O seringueiro mudou o paradigma do ambientalismo internacional, ao tornar-se líder de um movimento de resistência pacífica. Ele organizou os trabalhadores da região amazônica para protegerem o ambiente, suas casas e famílias contra a violência e a destruição promovida pelos fazendeiros, ganhando apoio internacional. Foi o idealizador do conceito de “reserva extrativista”, no qual a população tradicional que habitava a floresta teria o direito de manter seu modo de vida de coleta sustentável dos produtos florestais.

 

Diversos movimentos e organizações em todo o mundo se inspiraram nos exemplos de Chico. Em 1987, recebeu a visita de membros da Organização das Nações Unidas (ONU), em Xapuri, quando teve a oportunidade de mostrar-lhes a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros, ambas causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, ele levou essas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um dos bancos financiadores. Em decorrência disso, os financiamentos a esses projetos foram suspensos.

 

Desde sua morte, muitas homenagens foram feitas ao líder ambientalista, entre elas a denominação de Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade à autarquia hoje responsável pela gestão das unidades de conservação federais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

 

Carlos Mota

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